Pesquisa aponta: apenas 32% dos gestores consideram suas empresas eficientes e eficazes

gestores avaliando as várias áreas da empresa simbolizadas em mosaico

Levantamento com gestores de empresas de médio porte mostra que a maioria das empresas brasileiras não baseia decisões em planejamento e avaliações do mercado, da concorrência ou do público-alvo

Que 2019 vai exigir mudanças por parte das empresas e seus gestores, boa parte dos analistas e especialistas já sabem. Com 25 anos de mercado, a Ancona Consultoria resolveu iniciar o ano com a realização de uma pesquisa de opinião para entender como as empresas vão lidar com esse cenário: um novo ano, sob um novo governo e com as expectativas de melhora na economia.

O estudo foi elaborado tomando por base os quatro pilares estratégicos e de gestão que norteiam a consultoria comandada por Paulo Ancona, consultor e sócio-diretor da Ancona: inteligência, negócios, conhecimento e crescimento. Foram ouvidas 150 empresas de médio porte, de todos os segmentos de atuação, que responderam 18 perguntas. “Com base nas respostas, elaboramos uma fotografia deste momento”, afirma o consultor.

A primeira pergunta da pesquisa teve relação com o planejamento para 2019. E concluiu:

  • 76% dos entrevistados não realizaram pesquisas sobre o mercado, fator considerado preocupante pelo time da consultoria;
  • Porém, 74% lançarão novos produtos neste ano;
  • 67% vão promover mudanças no conceito do negócio;
  • 66% alteraram ou alterarão a estratégia de comunicação e marketing.

“A maioria das empresas não realizou pesquisas sobre o mercado, sobre os concorrentes ou junto ao seu público alvo, mas grande parte está preocupada em alterar seu mix de produtos, seu conceito de negócio e/ou sua estratégia de comunicação. Com base em que estão tomando decisões? Como saber se irão atingir o público correto sem analisar o mercado previamente?”, questiona Ancona.

Para o especialista em gestão de negócios, existe um erro inicial na maioria das empresas em tomar decisões e desencadear ações sem o devido planejamento. Ele explica que é preciso olhar para fora dos muros da empresa antes de tomar decisões. “Existem ferramentas e metodologias adequadas que evitam decisões que muitas vezes podem ser erradas e agravar eventuais problemas já existentes”, explica.

Maioria das empresas considera operar adequadamente. Mas há incoerências:

  • 67% das empresas entendem que estão operando de forma adequada para enfrentar 2019;
  • Mas 64% acreditam que a estrutura atual não é a melhor para o ano de 2019;
  • 21% não sabem se é o momento de mudar ou como mudar;
  • 65% admitem que precisam ajustar processos para que se tornem adequados e otimizados. Desses, 7% ainda não sabem como fazê-lo;
  • Apenas 32% dos empresários entendem suas empresas como eficientes e eficazes.

“Como 67% das empresas podem afirmar que operam adequadamente se, mais adiante, 65% delas afirmam que seus processos devem ser melhorados e otimizados e 64% admitem não ter a melhor estrutura para o futuro?”, analisa Ancona.

Percepção de futuro:

  • 69% acreditam que 2019 trará mais sucesso e facilidades;
  • 60% refletem que haverá mais condições financeiras de investimentos em capacitação de pessoas;
  • 25% consideram ainda é cedo para opinar.

O que os gestores ouvidos avaliam como importante para 2019:

  • 3% não querem perder os concorrentes de vista;
  • 8% não querem se descolar da cultura atual da empresa;
  • 10% ainda não sabem o que será mais importante em 2019;
  • 12% acham que o mais importante será mudar o posicionamento da marca;
  • 25% analisam que será mudar a forma de se relacionar com o mercado e público;
  • 40% acreditam na criação de estratégias para entrar em novos mercados.

Em relação aos investimentos em tecnologia:

  • 90% dos gestores sofrem algum tipo de pressão para investir na área;
  • 89% afirmam que será necessário investir nesse sentido.

“Fica claro que os gestores sentem e sabem que devem fazer algo diferente do que estão fazendo e alterar aspectos como suas estratégias, sua forma de relacionamento com o mercado, seu posicionamento entre os concorrentes ou ainda mudar sua cultura para abrir caminho a mudanças”, entende Ancona.

Crescimento: o que os gestores esperam para 2019:

  • 95% dos gestores afirmam que será possível crescer em 2019;
  • 9% acreditam que isso se dará por meio de novas unidades próprias;
  • 12% vão crescer por franquias;
  • 28% acreditam no crescimento por parcerias;
  • 45% esperam criar novos negócios.

Para promover essa ampliação:

  • apenas 5% apostam nas consultorias externas;
  • 7% em estudos de geomarketing;
  • 21% em parcerias com marcas complementares;
  • 66% vão se valer da própria estrutura e competências internas.
  • Além disso, 60% das empresas creem que terão mais oportunidades de se ajustar à competitividade mundial;
  • 30% afirmaram que devem ter participação em exportações ou importações.

“Como conclusões finais, vemos a falta de um planejamento mais sólido. As decisões e ações nem sempre são coerentes, mas há um otimismo em relação ao ano de 2019. Os dados levantados só reforçam os resultados de pesquisas anteriores, que apontaram que a falta de planejamento e de olhar para as percepções do mercado e de clientes seguem sendo uma característica das empresas de médio porte, o que, de fato, não é positivo, pois repetem-se respostas retóricas, não suportadas por ações práticas”, observa Ancona.

O especialista em gestão de negócios recomenda que as empresas participantes da pesquisa migrem, de forma mais objetiva, para um planejamento efetivo: “A visão do mercado não pode ser relegada a um patamar inferior em relação às percepções do que se acredita ser o melhor caminho. O melhor caminho é aquele que o mercado aponta e não aquele que se imagina”.

“Num momento nebuloso e instável pode parecer desnecessária a elaboração de um planejamento completo para 2019, que leve em conta a percepção do mercado, as estratégias externas e internas, as respectivas adequações de processos e estrutura. Mas, é justamente em momentos como esses que se devem aprofundar as análises, a visão de mudança e as oportunidades que possam surgir, bem como criar as condições internas para que a empresa tenha as condições necessárias para se adequar e se flexibilizar. É preciso manter a empresa com as condições adequadas para a única coisa que é certa: ela irá mudar muitas vezes se quiser sobreviver”, finaliza.

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