O rótulo do cliente

Cada consumidor possui um perfil, que vem sofrendo modificações com a falta de tempo das pessoas e fazer com que o indivíduo adote comportamentos e hábitos que não são seus.

Quando William Shakespeare (1564-1616) escreveu a famosa frase “Ser ou não ser”, não estava só ilustrando as motivações, defeitos e comportamentos humanos. Estava relatando, na mais pura essência, toda a transformação que fará girar uma boa parte dos negócios daqui por diante.

Com a correria do dia-a-dia, as pessoas não possuem mais hora para nada. As atividades de lazer, que antes eram de um final de semana inteiro na praia ou em uma casa de campo, hoje se resumem a uma cinema ou uma ida ao clube no fim de semana. O tempo escasso fez surgir o comportamento que chamarei de rótulo, ou seja, o indivíduo que não é, mas se comporta como tal, inclusive e, principalmente, nos atos de consumo. Explicarei melhor mais para frente.

Passado o tempo em que a produção em massa era o grande foco e diferencial para o sucesso (vender muito), vivemos uma mudança nunca antes pensada, mas já bem assimilada. Algumas empresas gastam milhões tentando entender o seu consumidor: como se comporta, o que faz, o que gosta, aonde vai. À tal ferramenta gerencial foi dado o nome de Marketing de Relacionamento, cujo grande objetivo é buscar informações que sejam vitais para os negócios. Está lançada a corrida pelo perfil do consumidor.

Empresas dos mais diversos ramos buscam levantar o perfil do seu consumidor e, caso a relação seja B2B, levanta-se o perfil das empresas. As variáveis são infinitas e os subgrupos também. É e sempre será uma corrida sem fim e sem chegada. Tal movimento causou tamanho impacto que finalmente as empresas vislumbravam o queparecia uma obra de ficção de Philip Kotler, até então: o desejo do consumidor.

Partindo do princípio de que cada consumidor possui um perfil e que esse perfil vem sofrendo modificações com a falta de tempo para “viver”, forma-se a partir daí o que chamei de rótulo, ou seja, o indivíduo adota o comportamento, os hábitos de compra, de consumo, reúne-se em grupos, mas não é o que gostaria de ser, simplesmente porque não há mais.

Basta olharmos com mais atenção um dos maiores sucessos da indústria automobilística dos últimos anos, o carro “off-road”, que só anda na cidade. O grande lance das montadoras foi perceber o desejo do consumidor de dirigir um off-road, sem necessariamente ter de ir à praia ou fazer trilha, apenas sentir-se off-road. O indivíduo acuado pelo mundo que o cerca passa a ter prazer, não mais no “ser”, mas no “imaginar ser” ou o “quase ser”. Identificado o rótulo do consumidor, fica mais fácil para as empresas oferecerem seus produtos e serviços.

Antigamente, bastava olhar para uma pessoa e era possível identificar se ele era hippie, atleta ou se gostava de rock and roll. A grande diferença é que as pessoas realmente eram aquilo que vestiam e faziam. No mundo competitivo e atribulado de hoje, nem mesmo o mais famoso dramaturgo do mundo seria capaz de descrever o que está por vir. Em tom “shakespeariano”, podemos afirmar que há espaço para todos, de tragédias a comédias. Cabe a sua empresa interpretar o papel desejado.

Conteúdos Relacionados

Todo bom vendedor é um Masterchef

Todo bom vendedor é um Masterchef

Recentemente, num cruzeiro que fizemos pelo Caribe, tivemos a chance de participar de um “mini programa” do MasterChef no navio.

Algumas pessoas da plateia são escolhidas, recebem uma lista de ingredientes e precisam criar pratos com os ingredientes, apresentando-os depois para serem avaliados pelo júri (no caso, o capitão do navio e dois de seus assistentes).

Continuar lendo

Pin It on Pinterest

Rolar para cima