Entrevista: especialista dá dicas sobre finanças pessoais e investimentos para o futuro

finanças pessoais

Em todas as edições da VendaMais, procuramos entrevistar autoridades ligadas a vendas para que você possa extrair informações que o inspirem em seu dia a dia profissional e que contribuam para que você aprimore seu CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes) de forma consistente.

Desta vez, apesar de o objetivo ser o mesmo, a ideia não é mostrar caminhos para ajudá-lo a vender melhor, mas propor reflexões e trazer dicas a respeito de áreas que nem sempre recebem a atenção que deveriam: finanças pessoais, investimentos e futuro.

Independentemente das políticas econômicas do Governo Federal, a verdade é que você não pode terceirizar a responsabilidade sobre como vai viver quando estiver aposentado. Dependência é uma palavra perigosa – seja lá ao que ela esteja ligada. Portanto, é preciso ter o controle sobre suas finanças pessoais, rever (maus) hábitos de consumo e investir com consistência, conhecimento e olhos para o futuro.

Sabendo disso e pensando em colaborar também para a melhora da sua consciência financeira, convidamos Eliane Metzner, planejadora financeira, palestrante e autora do livro Finanças na prática (Editora KCM) para apresentar uma reflexão sobre o assunto e dar dicas práticas sobre como ter uma relação mais produtiva com o dinheiro e como investir visando o longo prazo. Acompanhe!

VendaMais – Por terem uma profissão em que a renda pode oscilar muito a cada mês, profissionais de vendas precisam ser bons em gerir seu dinheiro. Que dicas você dá aqueles que recebem remuneração variável?

finanças pessoais - Eliane Metzner 2Eliane Metzner O primeiro passo é não comprometer toda a renda mensal, deixar uma parte para administrar, pois como estamos tratando de média, haverá meses com receitas menores.

Para isso, a atenção aos custos fixos é fundamental; não os deixar elevados demais, pois podem trazer preocupações desnecessárias e “gap” de receita/despesa.

O segundo passo é fazer uma reserva. O ideal é depositar uma quantia por mês, mas ela também pode ser construída com os ganhos a mais recebidos em alguns meses.

O recomendado é constituir uma reserva de pelo menos seis vezes a sua renda mensal. Este valor é uma reserva para emergências e desencaixes. Traz maior segurança e administra a ansiedade em meses de menor faturamento.

Quais são os piores erros que profissionais de vendas cometem no que diz respeito ao dinheiro e finanças pessoais?

São vários. O principal é a falta de planejamento – tanto de orçamento como de aquisição de bens. Depois, vem comprometer tudo o que se ganha, parcelar as compras (aumentando o comprometimento mensal e se tornando escravo do salário. Ou seja, quando o dinheiro entra já está todo comprometido. Não há liberdade sobre o seu uso).

Tem, ainda:

  • Trocar de carro, celular, eletrônicos com mais frequência do que o necessário.
  • Não prever os meses de baixa temporada.
  • Excesso de confiança concentrando os negócios em poucos clientes.
  • E gastar toda a reserva em coisas que não são o objetivo.

É tudo questão de atitude.

Como um profissional de vendas deve se preparar para a aposentadoria, em tempos em que os direitos dos trabalhadores estão mudando drasticamente?

A aposentadoria social é utopia. A única segurança que temos é que, até chegar a nossa vez, a aposentadoria será o salário mínimo. Por isso, é essencial fazer um produto de previdência (PGBL ou VGBL) ou ter outras formas de rendas passivas, aquelas que não dependem do trabalho, como por exemplo investir em fundos imobiliários ou comprar imóveis de aluguel.

Outros exemplos:

  • Conheço pessoas que ganham menos de dois salários mínimos e conseguiram comprar quitinetes para alugar, garantindo uma renda mensal.
  • Outro caso é o de um profissional que usava seu carro apenas para se deslocar ao trabalho; ele passou a usar o transporte público e resolveu alugar seu carro para ter uma renda adicional.
  • Uma moça que adora fotografar colocou suas fotos à venda em um site de imagens.

As oportunidades estão em todos os lugares. A questão não é só o quanto você ganha, mas o que você faz com o seu dinheiro e com o seu tempo.

Existe uma fórmula sobre quanto poupar mensalmente visando o futuro?

Todos temos despesas mensais. Os investimentos devem ser vistos como uma despesa fixa. Direcionar um valor – que pode ser 10, 20 ou 30% da renda – para investimentos, como se fosse uma despesa obrigatória, traz um impacto psicológico gigante. Cada estrutura de orçamento vai demonstrar qual volume pode ser direcionado. Se é possível comprometer 30% da renda em dívidas, por que não seria possível direcionar o mesmo montante para investimentos?

O ideal é separar o valor poupado em três cestas: uma parte para previdência, uma segunda parte para reservas e uma terceira parte para projetos, como, por exemplo, trocar de carro, comprar uma casa, fazer uma viagem, ou mesmo adquirir bens de consumo como smartphone, notebook, TV etc. E, se houver dívidas, fazer um plano de contingência revisando as despesas, para quitação das obrigações, guardando um pequeno valor – pode ser R$ 10 ou R$ 50 – que deve ser aumentado com o tempo e a disponibilidade. A prática de guardar uma parte mensalmente torna-se um hábito de investimentos.

O brasileiro tem um apego muito grande pela poupança, mas existem outras modalidades de investimento com retornos mais interessantes e que oferecem o mesmo risco. O que você recomenda, tendo em vista a realidade dos profissionais de vendas?

O primeiro passo é destinar um valor mensal para investir. O segundo é escolher os investimentos. A poupança é prática, simples e, com a queda da taxa de juros, volta a ter atratividade para pequenos valores. Outros investimentos também são acessíveis para pequenas quantias, como, por exemplo, títulos públicos (se você tem pouco conhecimento, escolha LFT, que é atrelada à taxa Selic e tem uma complexidade menor, pois é dotada de uma dinâmica que chama “marcação a mercado”, que impacta na rentabilidade mensal dos títulos), CDB ou fundos de investimento de renda fixa. Apesar de rendimento passado não garantir rentabilidade futura, olhar o desempenho nos últimos 12 meses pode ser útil, principalmente comparando investimentos da mesma categoria.

Outra dica é fazer o seu API (análise de perfil de investidor), que as instituições financeiras devem disponibilizar para traçar o seu perfil de investidor e, assim, recomendar produtos compatíveis. Familiarizando-se com os investimentos, podem-se buscar outras modalidades, como fundos multimercado, debêntures ou ações. Eles têm maior rentabilidade e maiores riscos também; por isso é importante estudar sobre eles antes de investir, começar com uma fatia pequena de seus investimentos e aumentar quando pegar mais confiança.

A CETIP (empresa de capital aberto e com função essencial no mercado financeiro brasileiro) tem vários vídeos imparciais no YouTube, explicando cada uma dessas possibilidades. Disponha-se a conhecer mais sobre investimentos e vá se aprofundando. Invista em novos mercados, mesmo que apenas um pouco. Quando você estiver mais confiante, aumente gradativamente o risco e o retorno, que são proporcionais, mas sempre atento ao seu perfil.

Quais são os livros de educação financeira que todos deveriam ler?

Eu gosto da abordagem de Gustavo Cerbasi, que impulsiona atitudes proativas e a responsabilidade sobre seus próprios resultados, em especial os livros Adeus, aposentadoria (Ed. Sextante) e Dinheiro: os segredos de quem tem (Ed. Sextante). O clássico Pai Rico, Pai Pobre (Ed. Alta Books), de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter, é um livro instigante para a forma de fazer dinheiro, muda paradigmas. Os segredos da mente milionária (Ed. Sextante), de T. Harv Eker, discorre sobre modelos mentais de riqueza e hábitos a desenvolver. Os axiomas de Zurique (Ed. Record), escrito por Max Gunther, traz conselhos dos banqueiros suíços sobre comportamentos com investimentos em uma linguagem clara e simples. E, claro, o meu primeiro livro, Finanças na prática (Ed. KCM), que fala sobre os passos para gerar, gerir e multiplicar de forma objetiva e direta!

Você acredita que uma pessoa que tem uma postura proativa com relação à gestão de seus recursos pode obter melhores resultados profissionalmente?

É preciso entender que dinheiro não é um objetivo ou algo supremo, mas um mecanismo para ter acesso tanto ao básico quanto ao sofisticado. É um meio, não um fim. Quando as finanças estão em ordem, a mente fica mais tranquila e liberada para a criatividade e a produtividade. Além disso, quando você faz um planejamento financeiro, conhecendo seus objetivos e suas metas, consequentemente irá buscar alternativas de impulsionar suas vendas e respectivas receitas (gerar dinheiro).

Que dicas práticas você pode compartilhar para ajudar as pessoas a terem uma relação mais saudável e produtiva com o dinheiro?

Nem tudo o que é bom é caro. Valorize qualidade em vez de marcas ou quantidade. Usufrua dos pequenos prazeres da vida, a companhia de quem você ama, um jantar em família ou entre amigos. Visite quem você gosta. Faça seu planejamento financeiro, preferencialmente familiar. Habitue-se a passear em parques em vez de shoppings, pois sua mente será direcionada à saúde, e não ao consumismo. Defina um estilo de vida e influencie em vez de ser influenciado. Guarde uma parte de seus ganhos, sistematicamente. Faça escolhas inteligentes quanto ao uso diário de seu dinheiro. Estude sobre investimentos e formas de multiplicar seu dinheiro. Cuidado com promessas fáceis demais. Programe viagens e sonhos, realizando-os um a um, para usufruir a vida enquanto a riqueza é construída (equilíbrio). 

Gostou das dicas da Eliane?

Deixe um comentário dizendo o que você faz para cuidar das finanças pessoais e investir no seu futuro.

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