Confira a entrevista com Filipe Carrera

Filipe Carreira

Estar presente em redes como o Facebook, o Twitter e o Linkedin é essencial, mas não basta, é necessário participar e partilhar, nesse sentido a criação de conteúdos em novos formatos como o vídeo é prioritário, até porque há que fazer uma curva de aprendizagem na utilização destes novos meios.

Sobre seu trabalho

Sobre o que trata exatamente seu livro Liderar em Rede? Qual a grande mensagem?

Liderar em Rede procura ser um despertador de líderes. Quando se fala em liderança pensa-se sempre que o líder e seus liderados se comunicam num espaço comum e de proximidade. No entanto, quem analisa a evolução das organizações num mundo globalizado, rapidamente percebe que os líderes do século XXI têm que saber comunicar em rede.

Qual a primeira coisa que você gostaria que alguém fizesse ao terminar de ler seu livro? Por onde começar?

Que utilizasse as redes sociais de uma forma profissional, observando e criando dinâmicas nestas redes. O líder do século XXI não pode estar ausente destas redes, necessita de as entender e de as utilizar de uma forma inteligente. Estar presente em redes como o Facebook, o Twitter e o Linkedin é essencial, mas não basta, é necessário participar e partilhar, e nesse sentido a criação de conteúdos em novos formatos como o vídeo é prioritário, até porque há que fazer uma curva de aprendizagem na utilização destes novos meios.

Como você começou nessa área?

Em 2006, fui convidado para dar um treinamento na Lituânia sobre Marketing Digital, os organizadores desse evento, sabendo que sou um profissional com muitos contatos nos mais diversos países, sugeriram que fizesse um treinamento sobre networking.

A minha primeira reação foi negativa, pois achava, erradamente, que ser networker é uma característica inata, no entanto decidi estudar mais o assunto, verifiquei que parte dos autores nesta área viam o networking apenas no mundo físico, pois sítios como Facebook, Linkedin e Twitter estavam na sua infância.

Decidi criar um treinamento abrangente, isto é, incluindo o mundo físico e o on-line, pois estamos a assistir a uma fusão destes mundos e os líderes têm que já compreender esta nova realidade sob pena de serem liderados em vez de liderar.

Qual seu diferencial em relação a outras pessoas que falam sobre esse assunto? Qual sua ‘marca registrada’?

Eu diria que o meu diferencial se divide em dois aspectos:

  • Experiência internacional de treinamento e consultoria em mais de 50 países, em 4 continentes, o que me dá uma visão muito diversificada e me permite fazer um benchmarking das melhores práticas em diversas partes do mundo, com as devidas variantes culturais.
  • Ser uma pessoa que vive o meio físico com a mesma intensidade que o meio on-line, podendo desta forma ter uma visão integrada e pragmática da utilização de diversos meios.

Referências

Quais seus sites da área de Liderança preferidos e que você recomendaria?

Nenhum. Desde muito novo ao contrário dos meus colegas de escola, nunca tive ídolos, nunca acreditei na infalibilidade de um ser humano como eu, prefiro colecionar experiências contadas e vividas. Aprendi muito sobre liderança, com muitos líderes desconhecidos, que todos os dias contribuem para um mundo melhor e que na maior parte das vezes não têm qualquer visibilidade.

Quais são seus livros de negócios ou autores preferidos?

O mesmo é válido para livros e autores, apesar de ler muito, não ligo a quem escreve, ligo mais a conteúdos. Como autor fico mais orgulhoso quando vejo as minhas ideias a funcionar, do que quando pessoas me citam.

Sobre Liderança

Qual é o maior erro que você nota nos líderes hoje em dia?

Ignorarem a mudança em curso. Neste momento estão a conviver 4 gerações no local de trabalho: baby boomers, X, Y e Milênios. Esta última geração é a primeira geração verdadeiramente nativa do digital, as anteriores ainda estão a migrar.Os Milênios, pela sua visão do mundo, vão criar uma mudança profunda, pois eles não se distinguem entre on-line e off-line e não entendem como as gerações anteriores trabalham e aprendem. Por outro lado, as outras gerações estão gradual e inexoravelmente aproximando-se da forma de estar dos Milênios. Um líder que não se preparar rapidamente, vai certamente deixar de ser líder.

Por que você acha que tantas reuniões e treinamentos são chatos ou improdutivos? O que poderia ser feito para melhorar isso?

As reuniões e treinamentos são muitas vezes chatos e improdutivos pois logo na partida não foram bem definidos os objetivos e os meios utilizados carecem de imaginação. Mas cuidado para não cair no outro extremo, em que reuniões e treinamentos são muito divertidos, mas não levam a lado nenhum, pois foram apenas pensados como uma boa forma de passar o tempo. Pessoalmente, estou a trabalhar na melhoria dos treinamentos técnicos, tendo criado uma metodologia de treinamento que se tem comprovado muito eficaz, essa metodologia é denominada Knowledge Pills Methodology e é uma forma simples e eficaz de gerir o conhecimento de uma organização. Mais informação pode ser obtida em www.edupills.eu .

Qual seu treinamento, palestra ou aula mais memorável, a que mais lhe marcou? 

O treinamento que mais me marcou foi realizado em Abril de 2011 em Damasco, Síria, tive que fazer um intervalo para almoço mais longo para que fosse possível a evacuação de urgência dos participantes e de mim próprio, para escapar de fogo de metralhadoras pesadas. A situação em si ficou bem gravada na minha memória, mas o que mais me impressionou foi a vontade de aprender dos participantes que continuaram o treinamento normalmente noutro local e no dia seguinte estavam todos de volta, apesar de Damasco estar cercado por postos de controles militares.

Qual a situação mais desastrosa ou engraçada que já ocorreu numa das suas palestras/eventos ou treinamentos?

Tive uma situação engraçada com um grande potencial de ser desastrosa. Em 2009 fui convidado para ser instrutor principal da Academia Russa de Liderança da JCI Rússia, que se realizou bem no interior da Rússia, perto da fronteira com o Cazaquistão. Os meus assistentes russos informaram-me que havia uma tradição em uma das noites da academia, que era fazer uma caminhada sobre as brasas com os pés descalços. Apesar de nunca ter feito tal, aceitei o desafio e conhecendo a lógica russa, eu como líder da Academia, deveria dar o exemplo apesar de não me agradar de todo que os meus pés descalços estivessem em contacto com algo a 1000º. Vi como os participantes foram preparados psicologicamente pelos meus assistentes para superar este desafio, e quando lhes perguntava o que deveria fazer para me preparar, apenas me diziam: “Não corras nas brasas!”

As horas foram passando e finalmente chegou o momento, pedi a uma assistente que tinha experiência para fazer primeiro para eu ver melhor a técnica e depois chegou a minha vez, olhei para as brasas incandescentes numa bela noite na floresta e pensei que era uma loucura, mas se eu não avançasse ninguém me seguiria.

Enchi-me de coragem e avancei lentamente sobre as brasas, caminhando uns 5 metros e terminando com os meus pés enfiados em duas bacias com água no final do percurso, colocadas ali com o objetivo de arrefecer os pés.

Nos minutos seguintes, todos os 45 participantes da academia, mais 2 jornalistas da televisão que estavam a fazer uma reportagem sobre a academia, atravessaram as brasas, nunca em outra academia todos os participantes tinham superado este desafio.

Conselho: que grande conselho ou dica você daria para alguém que quer melhorar seus resultados no trabalho e/ou na vida, focando principalmente em Liderança?

Liderar é servir, liderar não é um ato de autorrealização, é um serviço prestado aos liderados e para ser um líder de excelência no século XXI é preciso saber comunicar, para tal há que adaptar os meios e o estilo de comunicação aos liderados.

Algum último recado que queira dar aos nossos leitores?

Não tenham medo das mudanças que estão a acontecer, não resistam, sejam os guias da mudança.

Informação de contato:


Filipe CarreiraFilipe Carrera é orador e formador com vasta experiência no mundo empresarial e acadêmico, que lhe possibilita criar uma experiência de aprendizagem única e bem-humorada.

Autor dos livros “Marketing Digital na Versão 2.0” (disponível em Português), “Networking – Guia de Sobrevivência Profissional” (Disponível em Português, Espanhol, Inglês, Romeno e Mongol) e “Comunicar 2.0 – A Arte de Comunicar no Século XXI” (disponível em Português, brevemente em Inglês e Espanhol).

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