Share of wallet: vocĂȘ pode vender mais para os seus clientes!

Share of Wallet – Você pode vender mais para os seus clientes

Entenda por que vocĂȘ deveria se preocupar em descobrir qual Ă© a participação que sua empresa tem em cada cliente (seu share of wallet), saiba como fazer isso na prĂĄtica e inicie uma transformação que o ajudarĂĄ nĂŁo apenas a vender mais, mas, principalmente, a melhorar sua lucratividade

Por JoĂŁo Guilherme Brotto e Natasha Schiebel, para a VendaMais de julho de 2018

VocĂȘ jĂĄ parou para pensar que seus melhores clientes tambĂ©m podem ser os melhores clientes do seu principal concorrente?

Tem ideia de que, por conta disso, provavelmente sua empresa não esteja aproveitando ao máximo o potencial de seus compradores – ou seja, pode estar deixando de ganhar dinheiro com quem já compra seus produtos e/ou serviços?

Pois Ă©, e a origem desse problema Ă© mais simples do que vocĂȘ imagina: resume-se Ă  falta de conhecimento de um indicador importantĂ­ssimo para quem deseja vender mais e melhor de verdade (com margens de lucro maiores), e nĂŁo simplesmente sorrir analisando resultados positivos de pesquisas de satisfação de clientes e o alto Ă­ndice de probabilidade de sua marca ser indicada a terceiros.

Estamos falando do share of wallet.

Ou seja, da parcela dos recursos que seus clientes investem em empresas como a sua e que atualmente pode estar sendo direcionada para seus concorrentes.

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Todo mundo monitora o share of wallet?

NĂŁo!

Este problema Ă© mais comum do que vocĂȘ imagina.

Recentemente, entrevistamos mais de 200 profissionais de vendas, de empresas de diferentes tamanhos e segmentos, e descobrimos que a maioria (64,3%) não sabe dizer qual é a sua participação em cada cliente. Consequentemente, esse mesmo grupo não trabalha para melhorar seu desempenho neste indicador.

Se vocĂȘ/sua empresa faz parte desta estimativa, talvez se incomode com a anĂĄlise feita por Lerzan Aksoy sobre o resultado que a desatenção com o share of wallet pode gerar.

“Ao nĂŁo monitorar seu share of wallet, vocĂȘ estĂĄ deixando dinheiro na mesa”, alerta.

Lerzan é Ph.D. em marketing, que é coautora do livro The Wallet Allocation RuleŸ: Winning the battle for share (A regra da alocação de carteira: ganhando a batalha por share, ainda sem tradução no Brasil) e professora da Fordham University.

E ela nĂŁo para por aĂ­!

“Mais importante: significa que vocĂȘ estĂĄ permitindo que seus clientes mais importantes ‘alimentem’ seus principais concorrentes”, acrescenta.

O que as empresas medem, entĂŁo?

Por outro lado, os motivos que fazem os clientes comprarem e deixarem de comprar de uma empresa sĂŁo amplamente conhecidos.

Uma prova incontestĂĄvel de que boa parte das empresas se preocupa com indicadores como satisfação e NPS (Net Promoter Score), sem entender que, caso o objetivo seja melhorar seus resultados financeiros, sua principal preocupação deveria ser descobrir, entender e avaliar sua participação em cada cliente – e, da mesma forma, qual Ă© a percepção que seus clientes tĂȘm dos seus concorrentes.

“O grande problema Ă© que saber qual Ă© o nĂ­vel de satisfação de seus clientes e/ou o seu Ă­ndice NPS nĂŁo permite que vocĂȘ tenha insights sobre como seus clientes dividem os investimentos entre vocĂȘ e os seus concorrentes”, destaca Lerzan, lembrando que, na hora de fechar a conta, nĂŁo sĂŁo esses os indicadores que geram impacto no caixa.

Olhar mĂ­ope

Timothy Keiningham, que divide a autoria do best-seller sobre share of wallet com Lerzan, Ă© Ph.D. em marketing e professor da St. John’s University, complementa essa anĂĄlise explicando por que este olhar tĂŁo comum sobre indicadores de satisfação pode ser considerado “mĂ­ope”.

“Na hora de medir o NPS, a maioria dos gestores considera ‘9’ uma nota excelente. Afinal, clientes que dĂŁo ‘9’ ou ‘10’ sĂŁo considerados ‘promotores’, e esse Ă© o objetivo de quem utiliza esta metodologia. O problema Ă© que nossas pesquisas revelaram que um cliente que Ă© ‘promotor’ da sua empresa, mas, ao mesmo tempo, tambĂ©m compra de seus concorrentes, 80% das vezes tambĂ©m Ă© ‘promotor’ da concorrĂȘncia. E tem mais. NĂŁo sĂŁo raras as vezes em que seu competidor tem notas maiores, apesar de o cliente ser ‘promotor’ para ambas as empresas”, relata.

Por fim, os pesquisadores asseguram: “nĂŁo Ă© a sua nota que importa, e sim como seu cliente o ranqueia entre os demais players do seu mercado de quem ele tambĂ©m compra”.

O que hĂĄ por trĂĄs do problema e como resolvĂȘ-lo

De acordo com Lerzan e Keiningham, diversos motivos fazem com que gestores comerciais nĂŁo monitorem seu share of wallet.

Uma das principais razĂ”es, segundo os dois, Ă© o fato de que muitas vezes os lĂ­deres tĂȘm medo do que descobrirĂŁo ao passar a monitorar este indicador.

“Esse tipo de análise nunca traz as mesmas boas notícias que pesquisas de satisfação com clientes e NPS geralmente entregam. A satisfação dos clientes e o NPS normalmente são bons porque, em mercados competitivos, nenhum cliente escolhe fazer negócio com empresas que não os satisfaçam. No entanto, quando estão analisando o share of wallet, inevitavelmente os gestores comerciais descobrem que alguns dos seus ‘promotores’ (usando a nomenclatura do NPS) gastam muito menos comprando de si do que dos concorrentes”, revela Lerzan.

A importĂąncia da coleta de dados

Outra razĂŁo que faz os gerentes nĂŁo monitorarem seu share of wallet, segundo Keiningham, Ă© o fato de normalmente eles nĂŁo terem um sistema de coleta de dados eficiente.

“Felizmente, esse problema Ă© fĂĄcil de superar. Basta começar a coletar feedback dos clientes com o objetivo de entender a percepção deles sobre as empresas ou marcas que eles utilizam em uma determinada categoria”, orienta o especialista.

Por Ășltimo, os autores do livro que apresenta a fĂłrmula que revela a regra da alocação de carteira afirmam que alguns gestores nĂŁo monitoram informaçÔes de share of wallet com medo de “acordar” seus clientes para potenciais concorrentes.

“Esse medo, porĂ©m, Ă© exagerado. É quase impossĂ­vel ‘acordar’ um grande cliente para pensar em concorrentes porque, de maneira geral, grandes compradores em uma determinada categoria tendem a conhecer o mercado muito bem”, declara Keiningham.

A opiniĂŁo de Raul Candeloro e Marcelo Caetano sobre share of wallet

gerar ou gerir demanda - marcelo caetanoMarcelo Caetano, diretor da VendaMais e autor de Vendedor fiel, cliente fiel concorda com Lerzan e Keiningham sobre a importĂąncia de entender seu share of wallet se vocĂȘ deseja crescer de forma sustentĂĄvel. Na anĂĄlise de Caetano, nĂŁo saber qual Ă© a sua participação em um cliente pode fazer com que vocĂȘ invista muito esforço e muito dinheiro em clientes que nĂŁo tĂȘm potencial de crescimento.

Ao mesmo tempo, Caetano aponta outro problema: de maneira geral, as empresas estão mais preocupadas com as suas próprias açÔes do que com o que acontece dentro dos clientes.

“Gestores comerciais definem que querem vender mais mix, aumentar seu volume de vendas, e assim por diante, sem fazer uma anĂĄlise dos clientes. Mas se vocĂȘ nĂŁo souber quanto seu cliente quer crescer neste ano e qual Ă© seu share of wallet naquele cliente, como poderĂĄ pensar em açÔes realmente eficientes para melhorar seus resultados?”, questiona.

raul candeloro - decisÔes vmO papel do gestor

“Exato, precisamos fazer as perguntas certas aos nossos clientes. Aqui, incluo coisas como: ‘Quanto vocĂȘ vai crescer? Quais sĂŁo os seus objetivos para este ano? Como nĂłs podemos ajudĂĄ-lo nessa jornada?’. Afinal, nĂŁo adianta aumentar as vendas em 5, 10%, se o cliente tiver crescido 30% nesse mesmo perĂ­odo.

Isso significa que por mais que vocĂȘ tenha a impressĂŁo de que melhorou seu desempenho naquele cliente, na verdade o seu share of wallet diminuiu. O cliente cresceu mais do que vocĂȘ ganhou espaço ‘na carteira’ dele. EntĂŁo, a conversa de quem estĂĄ comprando de vocĂȘ e quanto estĂĄ crescendo tambĂ©m Ă© importante. Para mim, essas duas coisas tĂȘm que se casar”, complementa Raul Candeloro, diretor da VendaMais e especialista em alta performance em vendas.

Share of wallet – CI

O início da transformação e a regra da alocação de carteira (The Wallet Allocation RuleŸ)

Existem diversas maneiras de identificar qual Ă© seu share of wallet em um cliente. Por exemplo: pesquisadores da ĂĄrea da ciĂȘncia desenvolveram tĂ©cnicas sofisticadas de medir seu share of wallet analisando os padrĂ”es de compra de seus clientes; jĂĄ estudiosos de mercado geralmente perguntam aos decisores dentro das companhias como eles dividem seus investimentos entre concorrentes.

Aqui, decidimos apresentar para vocĂȘ a fĂłrmula desenvolvida pelos pesquisadores entrevistados para esta reportagem: a Wallet Allocation RuleÂź (WAR – regra da alocação de carteira), que teve sua eficĂĄcia comprovada cientificamente e atravĂ©s de diversos testes.

Basicamente, a regra da alocação de carteira estipula que seu share of wallet em um cliente estĂĄ relacionado Ă  posição que vocĂȘ ocupa no ranking do cliente na avaliação de empresas ou marcas do seu mercado que ele tambĂ©m usa. Matematicamente, a fĂłrmula utilizada por Lerzan e Keiningham para estimar o share of wallet Ă© esta:

“Rank” Ă© a posição que sua marca ocupa na mente do cliente em comparação Ă s marcas de seus concorrentes que ele tambĂ©m usa, e “nĂșmero de marcas” Ă© o total de empresas da mesma categoria das quais o cliente compra.

Passo a passo para prever seu share of wallet

Para usar a Wallet Allocation RuleÂź para prever seu share of wallet, siga estes passos:

  • Defina as empresas/marcas em uma categoria de produtos que os clientes usem.
  • Faça uma pergunta genĂ©rica sobre satisfação/lealdade para medir a performance de cada empresa/marca da qual seus clientes compram.
  • Com base no que descobrir com a pergunta anterior, crie um ranking das marcas/empresas usadas por aquele cliente (por exemplo, a empresa melhor avaliada em termos de satisfação/lealdade ocuparia a posição nĂșmero 1; a segunda, ocuparia a posição nĂșmero 2; e assim por diante).
  • Usando o rank e o nĂșmero de marcas usada por cada cliente, calcule o Ă­ndice de alocação de carteira por cliente (isto Ă©, uma previsĂŁo de seu share of wallet).
  • Se vocĂȘ quiser calcular o Ă­ndice de uma marca/empresa, simplesmente calcule a mĂ©dia dos Ă­ndices de wallet allocation para cada empresa/marca de cliente.

Dificuldades da implementação da metodologia

Dentre as dificuldades na hora de implementar a metodologia, destaca-se a questão de como descobrir qual a posição que sua marca ocupa na mente de cada cliente.

No entanto, Raul Candeloro defende que essa dĂșvida nĂŁo deveria ser um impeditivo para quem deseja utilizar a metodologia. Mais do que isso, o especialista em alta performance acredita firmemente no valor dessa investigação e nas respostas que ela pode trazer.

“Eu nĂŁo acho que Ă© uma utopia pensar que Ă© possĂ­vel descobrir seu ranqueamento na visĂŁo dos clientes. Pelo contrĂĄrio. Acredito que para isso basta mudarmos a forma como conversamos com nossos clientes e as perguntas que fazemos a eles”, aponta.

Na visĂŁo do diretor da VendaMais, Ă© essencial que alĂ©m de perguntar a opiniĂŁo de seus clientes sobre a sua marca, seus produtos/serviços/soluçÔes e atendimento, gestores comerciais preocupados em aumentar seu share of wallet façam essas mesmas perguntas com o foco nos seus concorrentes. Afinal, como destaca Candeloro, talvez vocĂȘ nĂŁo consiga ter acesso direto Ă s informaçÔes de valores e volumes de compra que seus clientes fazem com os concorrentes, mas assim pelo menos terĂĄ um panorama que indicarĂĄ quais devem ser suas reais preocupaçÔes.

Como aproveitar essas conversas

Candeloro recomenda que aspectos específicos da relação empresa e cliente também sejam explorados nessas conversas.

“Pergunte diretamente para o cliente que nota ele dĂĄ para vocĂȘ em termos de atendimento, logĂ­stica, entrega, preço e assim por diante, e questione especificamente com quais concorrentes ele compara sua empresa em cada um desses aspectos. Nessas horas, Ă© muito comum que concorrentes que vocĂȘ nem imaginava que fossem valorizados pelos clientes sejam lembrados, e conhecendo essas informaçÔes, fica mais fĂĄcil pensar em formas de melhorar sua posição no ranking feito pelos seus clientes”, indica.

O principal erro na implementação do WARŸ e, consequentemente, na batalha para ampliar seu share of wallet

Na esteira deste raciocĂ­nio, Lerzan destaca que excluir competidores que os clientes utilizam em uma categoria, mas os gestores nĂŁo querem considerĂĄ-los como parte de seus concorrentes, Ă© justamente o principal erro cometido na hora de implementar o WARÂź.

“Isso Ă© particularmente verdade quando uma empresa ‘disruptiva’ entra no mercado. Por exemplo: muitas mercearias dos EUA normalmente nĂŁo consideram o Walmart como um concorrente. PorĂ©m, ao tirar uma empresa como o Walmart da sua anĂĄlise do WAR, o resultado Ă© uma visĂŁo distorcida do mercado. Afinal, o percentual de consumidores utilizando o Walmart para fazer suas compras de mantimentos tem sido grande. E, portanto, para minimizar a perda Ă© preciso ter um genuĂ­no entendimento do porquĂȘ e o que poderia ser feito para lidar com a perda. AliĂĄs, Ă© interessante dizer que isso provavelmente acontecerĂĄ novamente nesta categoria, jĂĄ que as compras on-line com entrega no mesmo dia se tornam cada vez mais uma opção mais sĂ©ria, com players como a Amazon entrando na categoria”, declara.

“Gestores comerciais precisam sempre se lembrar que quem define as alternativas sĂŁo os prĂłprios clientes. Falhar na identificação de novos concorrentes Ă© um erro e tanto”, complementa.

Share of wallet – Puratos

InteligĂȘncia e processos, os ingredientes do sucesso para aumentar seu share of wallet

Tudo isso, porĂ©m, precisa fazer parte de algo maior. “A verdade Ă© que normalmente bons vendedores jĂĄ se preocupam com seu share of wallet e em melhorar este indicador. Eles visitam o estoque do cliente, observam quando estĂĄ faltando produto, conversam com o cliente para entender como podem ampliar sua participação, analisam o que podem fazer para aumentar a venda de mix e assim por diante. PorĂ©m, tudo isso ‘morre’ neles mesmos. Os colegas nĂŁo ficam sabendo das melhores prĂĄticas e a empresa nĂŁo usa esse talento do vendedor a seu favor”, analisa Marcelo Caetano.

Raul Candeloro completa o raciocĂ­nio.

“Este processo precisa ser institucionalizado. A empresa inteira precisa seguir estes bons exemplos para que a busca pelo crescimento do share of wallet traga os resultados esperados. Não podemos mais permitir que isso aconteça apenas por meio de atitudes isoladas”.

Para aumentar o share of wallet Ă© preciso rotina!

Neste sentido, os diretores da VendaMais recomendam que as empresas estabeleçam uma rotina, um processo que precisa ser seguido por todos, para funcionar como engrenagem que trabalha para monitorar – e, consequentemente, para aumentar – o share em cada cliente. Para isso, líderes e vendedores precisam trabalhar unidos.

“A função de definir os caminhos e direcionar Ă© do gestor. A função de executar Ă© do vendedor”, explica Candeloro. “Se no meio de tudo isso puder inserir inteligĂȘncia na avaliação do potencial dos clientes, controle de estoque, histĂłrico de compras, participação de mercado, etc., melhor ainda”, acrescenta.

E segundo Raul, tudo isso pode ser feito inclusive por quem ainda não monitora de perto seu share of wallet. “O simples fato de transformar isso em rotina e rever o processo continuamente, já possibilita que resultados melhores apareçam”, garante.

O caso das Lojas LĂ­via

Foi o que aconteceu na rede de perfumaria Lojas LĂ­via. “Nossa necessidade inicial era criar um script para a nossa equipe de televendas. No entanto, em conjunto com os consultores das SoluçÔes VendaMais, percebemos que poderĂ­amos ir alĂ©m, entĂŁo desenvolvemos uma metodologia que garante que a cada atendimento os profissionais se preocupem em trabalhar quatro aspectos fundamentais para o sucesso comercial da companhia: reposição, venda de mix, lançamento e promoção. Chamamos a metodologia de REMIXLAPRO”, conta Edson Guandalini, diretor comercial da empresa.

Objetivos

“O objetivo Ă© aumentar o Ă­ndice de vendas adicionais e assim melhorar o ticket mĂ©dio da venda. Importante lembrar que o adicional deve ser aderente ao ramo de negĂłcio do cliente, ou seja, nĂŁo queremos fazer uma venda adicional simplesmente por fazer; para nĂłs Ă© importante que o sell-out do cliente seja levado em consideração. Afinal, se o cliente vende mais, nĂłs tambĂ©m vendemos mais”, declara Guandalini.

Segundo Guandalini, antes da implementação do REMIXLAPRO, basicamente os vendedores das Lojas Lívia faziam a reposição dos produtos sugerida pelos clientes. Hoje, com a equipe bem treinada e colocando em pråtica as açÔes propostas pelos consultores das SoluçÔes VendaMais, o crescimento chega a 20% nas vendas.

Ou seja, este procedimento tornou o processo de vendas das Lojas LĂ­via mais inteligente e garante resultados positivos nĂŁo apenas imediatamente, mas tambĂ©m – e principalmente – no longo prazo.

O caminho para aumentar seu share of wallet passa por estar sempre perto do cliente

Andrei Mondardo é sócio da Dalmoro Equipamentos de Proteção. A empresa, situada em Medianeira (PR), atende a região oeste do Paranå por meio de consultores externos e às demais regiÔes do Brasil via televendas.

Um segmento importante de sua base de clientes Ă© o de frigorĂ­feros, mercado que Ă© impactado por diversas exigĂȘncias do MinistĂ©rio do Trabalho no que diz respeito a EPIs (equipamentos de proteção individual). Ou seja, a Dalmoro tem a vantagem de saber de antemĂŁo quais equipamentos seus clientes precisam comprar. E usa isso a seu favor para aumentar seu share of wallet.

Como Mondardo aumenta seu share of wallet, na prĂĄtica

Mondardo usa essa informação para, em sua rotina como gestor comercial, entender quais produtos os clientes utilizam e quais ainda não compram da sua empresa, descobrir quais são os motivos que os fazem não comprar e, dependendo da viabilidade, disponibilizar tal produto ou oferecer uma condição especial para conseguir aumentar a venda de mix.

Ao fazer esse trabalho rotineiramente e debater as próximas açÔes em reuniÔes semanais com a equipe de vendas, Mondardo e sua equipe trabalham para homologar os produtos que hoje estão sendo vendidos por concorrentes.

“Se determinado cliente estĂĄ usando o concorrente, envio amostras nossas sem custo ou com valor acessĂ­vel. Com isso, conseguimos aumentar o Ă­ndice em vĂĄrios clientes. É um trabalho de formiga, que demora para trazer resultados, porque uma bota de PVC, por exemplo, leva atĂ© sete meses para ser validada pelo cliente. Muitas vezes ele nĂŁo quer trocar pela comodidade de nĂŁo ter que mudar de fornecedor”, indica.

A iniciativa da Dalmoro, uma pequena empresa do interior do ParanĂĄ, mostra que estar presente no dia a dia do cliente, entender suas necessidades e ser Ăștil Ă©, tambĂ©m – e principalmente – uma das melhores estratĂ©gias para aumentar o share of wallet.

Chegou a hora de aumentar seu share of wallet e vender mais para seus clientes! 

Depois de entender qual é a posição que sua empresa ocupa na mente de seus consumidores e calcular seu share of wallet, o próximo passo é pensar em formas de melhorar sua performance neste indicador e incorporar essa preocupação à sua rotina de vendas.

De acordo com Timothy Keiningham, “a chave para ganhar share of wallet Ă© dar aos seus clientes o mĂ­nimo possĂ­vel de razĂ”es para eles comprarem dos seus concorrentes”.

O especialista afirma ainda que a visĂŁo tradicional para identificar oportunidades envolve responder Ă  pergunta

“O que nós podemos fazer para deixá-lo mais feliz?”

Porém, os estudos conduzidos por ele e Lerzan mostram que este não é o melhor caminho.

“Performance tem a ver com concorrentes. É claro que Ă© importante melhorar a satisfação. Essencialmente porque, em certo ponto, o aumento na satisfação torna a empresa mais atrativa aos clientes em relação aos concorrentes.
Mas simplesmente buscar melhorar a satisfação não é suficiente. Gestores também precisam entender exatamente por que os clientes usam cada marca que usam.
Clientes tĂȘm razĂ”es legĂ­timas para comprar de diversas empresas em uma mesma categoria. Portanto, os esforços feitos pensando em aprimorar o share of wallet que nĂŁo levem em consideração exatamente por que seus clientes tambĂ©m compram de seus concorrentes normalmente fracassam”, declara.

Obter essas informaçÔes, porĂ©m, pode parecer um desafio e tanto para muitos gestores. A sugestĂŁo de Lerzan para facilitar essa descoberta Ă© incluir esta pergunta simples em sua pesquisa de satisfação daqui em diante: “Quando vocĂȘ tem que escolher entre duas empresas, qual tende a ser o fator decisivo na hora de escolher uma e nĂŁo outra?”.

Eu escolho (marca 1) quando…

Eu escolho (marca 2) quando…

As anĂĄlises dos especialistas

“Munidos de informaçÔes que os permitam entender por que seus clientes utilizam a sua marca e tambĂ©m marcas concorrentes, os gestores passam a poder identificar o que realmente Ă© preciso fazer para ser a primeira opção dos clientes. E porque a regra da alocação de carteira estĂĄ conectada ao share of wallet, passa a ser possĂ­vel priorizar esforços levando em conta seu potencial de impacto em termos de retorno financeiro”, indica Lerzan.

Complementando o debate, Marcelo Caetano destaca a importĂąncia do papel do time de marketing em todo esse processo.

AnĂĄlise Ă© tudo!

“Precisamos ter gente na sala de guerra estudando e direcionando o exĂ©rcito, porque quando esse direcionamento nĂŁo Ă© feito, todo mundo fica tentando achar o inimigo, ao mesmo tempo em que precisa ocupar uma posição e atacar. Ou seja, hĂĄ uma sobrecarga de tarefas que dificulta a vida de todos os profissionais. EntĂŁo, quando vocĂȘ quer ir para o detalhamento mesmo, precisa ter alguĂ©m que faça essa gestĂŁo. E esse papel se encaixa perfeitamente ao time de marketing, que estĂĄ voltando a ter uma importĂąncia muito grande em vendas”, pontua.

Por fim, Keiningham declara que para tirar o mĂĄximo proveito de cada cliente Ă© preciso, antes de mais nada, entender de verdade tudo o que pode impactar no sucesso de longo prazo deste relacionamento.

“A regra da alocação de carteira ajuda tremendamente nesse sentido ao colocar o processo de decisĂŁo de compra dos clientes em um contexto competitivo de mercado. Mas maximizar o relacionamento com clientes exige que se saiba utilizar essa informação para entender para onde o mercado estĂĄ indo, quais concorrentes ameaçam o status quo e quais exigĂȘncias seus clientes farĂŁo Ă  sua empresa no futuro. Armado dessas informaçÔes, gestores comerciais poderĂŁo antecipar as necessidades de seus clientes e, dessa forma, se tornar parceiro do sucesso deles. Isso farĂĄ com que sua empresa se torne a fornecedora favorita de seus clientes, o que maximizarĂĄ o relacionamento de vocĂȘs e o seu share of wallet”, conclui.

Exemplos prĂĄticos 

Em The Wallet Allocation RuleŸ, Lerzan Aksoy e Timothy Keiningham apresentam alguns exemplos de motivos que levam clientes a escolherem uma empresa em detrimento de outra e ilustram suas explicaçÔes com exemplos pråticos. Tome nota de duas dessas histórias e prepare-se para lidar com os motivos que seus clientes podem usar contra sua empresa.

1) De acordo com Lerzan e Keiningham, uma das razĂ”es mais comuns para clientes usarem diversas marcas em um mesmo mercado Ă© a percepção que eles tĂȘm de que cada uma dessas marcas oferece benefĂ­cios Ășnicos.

No mercado bancos de varejo e empresas de crĂ©dito, por exemplo, muitas vezes as taxas baixas de uma instituição sĂŁo seu grande diferencial na visĂŁo dos clientes, enquanto que os serviços de internet banking sĂŁo valorizados na outra. “Assim, no caso das instituiçÔes valorizadas por suas taxas baixas, diminuir ainda mais seu preço provavelmente nĂŁo ajudarĂĄ a aumentar seu share of wallet, apesar de ser o motivo mais forte da satisfação e lealdade de seus clientes. Afinal, os concorrentes ganham mercado por outros motivos”, explicam os especialistas.

2) Outra razĂŁo comum para clientes optarem por uma empresa e nĂŁo por outra sĂŁo as barreiras estruturais que prejudicam entregas.

Em outras palavras, em alguns mercados as pessoas trocam suas marcas favoritas por concorrentes simplesmente porque nĂŁo conseguem comprar da empresa que gostariam. Falta de acesso geralmente Ă© o problema mais comum neste sentido. QuĂŁo maior for a dificuldade de encontrar uma marca, maior serĂĄ sua chance de ser substituĂ­da. Assim, atĂ© que as barreiras de compra sejam removidas, melhorar a experiĂȘncia do cliente, por exemplo, terĂĄ pouco ou nenhum impacto no aumento do share of wallet.

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