10 reflexões para reinventar sua empresa

reinvente sua empresa

*Análise publicada originalmente na VendaMais de janeiro de 2016.

Por Natasha Schiebel

Em Reinvente sua empresa (ed. Sextante), Jason Fried e David Heinemeier Hansson, empreendedores norte-americanos que conquistam excelentes resultados com sua empresa (a Basecamp, antiga 37signals) “remando contra a maré”, propõem reflexões interessantes sobre questões comuns ao dia a dia de qualquer organização – como progresso, produtividade, concorrência, evolução, promoção, contratação e cultura –, questionam conceitos enraizados e nos fazem pensar e repensar a forma como conduzimos nossa vida profissional.

A visão dos autores sobre cada um dos aspectos abordados no livro não é, obviamente, verdade absoluta, e você não precisa pensar como eles para alcançar o SEU sucesso. Porém, refletir sobre o que dizem Fried e Hansson pode ajudar no SEU desenvolvimento – pessoal e profissional. Sabendo disso, destacamos dez lições/reflexões interessantes apresentadas na obra. O objetivo é fazer você pensar sobre elas e, claro, querer ler o livro. Acompanhe!

1 – Aprender com os erros é supervalorizado

Jason Fried e David Heinemeier Hansson usam um estudo da Harvard Business School para ir contra o argumento de que os erros que cometemos hoje podem nos ser úteis no futuro. Eles destacam que, segundo a pesquisa, os empreendedores bem-sucedidos apresentam chances bem maiores de acertar novamente. Segundo o relatório da universidade norte-americana, o índice de sucesso das futuras empresas é de 34% entre quem já prosperou e de 23% entre as que já tiveram resultados ruins. Com base nesses dados, eles afirmam: “A experiência que realmente importa é a do sucesso”. E acrescentam: “Quando algo gera um bom resultado, sabemos o que deu certo e podemos repeti-lo. E, da próxima vez, provavelmente faremos ainda melhor.”

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2 – Falta de tempo não é desculpa

Que atire a primeira pedra quem nunca deixou um projeto que parecia bacana para trás porque, quando ele surgiu como oportunidade, “faltava tempo”. Pois para Fried e Hansson sempre há tempo, desde que ele seja bem empregado. “Em vez de assistir à TV ou jogar videogame, desenvolva sua ideia. Em vez de se deitar às 22h, vá dormir às 23h. Não estamos falando de passar a noite em claro ou de trabalhar 16 horas por dia, mas de separar algumas horinhas por semana. É tempo suficiente para produzir algo”, afirmam.

O problema, segundo os empreendedores, é que a maioria das pessoas não deseja algo tanto assim, então protege o ego dando a desculpa da falta de tempo. “Não fique se enganando com desculpas. A responsabilidade de transformar seus sonhos em realidade é inteiramente sua”, lembram.

Além disso, os dois ainda destacam que o momento perfeito nunca chega. “Você sempre vai se considerar jovem demais, velho demais, ocupado demais, pobre demais ou alguma outra coisa para ir à luta. Se viver ansioso para encontrar o timing perfeito para concretizar uma iniciativa, ela nunca sairá do papel”, concluem.

3 – Venda seus subprodutos

  • A 37signals obteve um lucro de mais de US$ 1 milhão com um livro que nasceu a partir da experiência adquirida construindo uma empresa e desenvolvendo softwares.
  • A banda Wilco filmou a criação de um disco e, com base na gravação, lançou um documentário que lhe rendeu não apenas dinheiro, mas a oportunidade de alcançar um público mais amplo.
  • A Kingsford, maior fábrica de carvão dos Estados Unidos, nasceu quando Henry Ford descobriu um processo para transformar em carvão lascas de madeira que restavam da produção do modelo T.

O que essas três histórias têm em comum? O fato de que pessoas observadoras e criativas identificaram novas oportunidades em negócios que já existiam – e faturaram com isso! E Fried e Hansson sugerem  que essa fórmula pode ser replicada em muitas outras empresas. Para isso, basta um olhar atento… “As empresas de software não costumam pensar em escrever livros. As bandas de rock não costumam pensar em filmar o processo de gravação. Os fabricantes de carro não costumam pensar em vender carvão. Provavelmente, há algo em que você ainda não pensou e que também pode ser vendido”, provocam.

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4 – Tome decisões minúsculas

Se você concorda que riscar um item de uma lista de atividades é sempre bom, vai gostar desta sugestão dos autores de Reinvente sua empresa. Jason Fried e David Heinemeier Hansson afirmam que decisões minúsculas podem fazer mais diferença do que grandes decisões – que, como eles ressaltam, são difíceis de tomar e, depois de tomadas, tornam-se difíceis de mudar. Afinal, geralmente, depois de tomarmos uma grande decisão, a tendência é continuarmos acreditando que aquela era a melhor opção – mesmo que não seja o caso.

Assim, eles recomendam a tomada de decisões de dimensões tão reduzidas que, na prática, sejam temporárias. “Dessa forma, não haverá grandes prejuízos se algo der errado ou se você resolver mudar de ideia”, avaliam.

Na sequência, os dois explicam que isso não significa que você deva deixar de realizar grandes planos ou de ter grandes ideias; significa apenas acreditar que a melhor maneira de alcançar grandes resultados é tomar uma decisão pequena por vez.

Fried e Hansson concluem o raciocínio falando sobre o poder que uma meta alcançada exerce sobre o desempenho no todo. “Os objetivos alcançáveis são os melhores, pois se tornam realidade e viram um trampolim para outros. Podemos dizer: ‘Conseguimos! Resolvido!’, e passar para o próximo. Isso nos proporciona muito mais satisfação do que uma meta superdimensionada e ilusória que nunca chegamos perto de alcançar”, afirmam.

5 – Faça menos do que seus concorrentes

Os fundadores da Basecamp acreditam que a sabedoria popular que diz que para vencer os concorrentes é preciso fazer mais do que eles representa uma armadilha. “Entramos em uma corrida armamentista e acabamos enredados em uma batalha sem fim, que consome quantidades absurdas de dinheiro, tempo e energia. Além disso, nos obriga a viver sempre na defensiva, olhando para trás em vez de olhar para frente. Pois saiba que empresas na defensiva não lideram; somente seguem”, afirmam.

Assim, a recomendação dos dois é simples: se você quer ganhar dos seus concorrentes, faça menos do que eles! “Resolva os problemas simples e deixe os difíceis, feios e cabeludos para os outros. Em vez de expandir, experimente minimizar. Em vez de se sobrepor, experimente se subpor”, orientam.

O exemplo utilizado pelos autores para exemplificar essa sugestão vem do universo das bicicletas. Os dois lembram que durante anos, os principais fabricantes se concentraram em oferecer equipamentos com tecnologia de ponta: mountain bikes com suspensão e freios a disco superfortes ou bicicletas urbanas ultraleves de titânio com fibra de carbono. E partia-se do pressuposto de que as bicicletas deviam ter múltiplas marchas. Porém, recentemente, a popularidade das bikes minimalistas – que andam na contramão dessas novidades tecnológicas – estourou. “Elas têm só uma marcha e alguns modelos sequer têm freios. As vantagens: são mais simples, leves, baratas e não exigem tanta manutenção”, sinalizam. Que tal?

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6 – Não confunda entusiasmo com prioridade

Muitas vezes, animados com uma ideia nova e “revolucionária”, deixamos de lado o que é importante. Segundo Fried e Hansson, essa é uma péssima decisão. “O entusiasmo que temos por uma nova ideia não é um indicador preciso do seu valor. Aquilo que agora parece um sucesso infalível, na manhã seguinte, muitas vezes, se transforma em algo ‘legal’. E algo apenas ‘legal’ não justifica deixar todo o resto de lado”, argumentam.

O conselho de ambos nesses casos é simples: “Deixe suas novas ideias geniais esfriarem um pouco. É claro que é importante ser criativo e ter tantas ideias quanto puder, entusiasmando-se com cada uma delas. Mas não saia agindo no calor do momento. Passe todas para o papel e deixe-as descansar por alguns dias. Depois, com a cabeça tranquila, avalie sua verdadeira utilidade e o que é prioritário nas atuais circunstância.”

7 – Aposte nas amostras grátis

Você acredita no produto/serviço que vende? Então, faça como os traficantes de drogas* e ofereça amostras aos seus possíveis clientes. Eles voltarão com dinheiro na mão na próxima vez. É o que afirmam os autores de Reinvente sua empresa, que acrescentam que apesar de padarias, restaurantes e sorveterias fazerem isso com êxito há anos, muitos outros segmentos poderiam tirar proveito do modelo dos traficantes de drogas se tivessem a preocupação de desenvolver um “petisco” a partir de seus produtos finais. Você já pensou nisso?

*A VendaMais não está fazendo apologia ao tráfico de drogas. Assim como os autores de Reinvente sua empresa. No entanto, a ideia das amostras grátis pode ajudá-lo a vender mais. Inspire-se nela!

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8 – Contrate gerentes de si mesmos

Segundo Fried e Hansson, “os gerentes de si mesmos criam as próprias metas e as cumprem. Não precisam de alguém que os monitore diariamente. Fazem o que um gerente faria – estabelecer o ritmo, programar tarefas, definir prioridades, etc. –, mas tomam essas iniciativas por conta própria e para si mesmos.” Ou seja, eles sugerem que, com profissionais autogerenciáveis na equipe, os processos ficariam mais eficientes e os líderes passariam a ter mais tempo para desempenhar papéis estratégicos.

É isso que você quer? Então, ao buscar novos membros para a sua equipe, preocupe-se em observar o histórico dos candidatos para descobrir se eles já ditaram o ritmo do próprio trabalho em outros empregos, se administraram um negócio próprio ou lançaram algum tipo de projeto, se têm capacidade não apenas de executar as funções, mas de construir algo desde o início e fazê-lo acontecer. Os autores do livro do mês afirmam que a presença desses profissionais em uma equipe contribui para que o resto do time também trabalhe melhor e permite que você gerencie menos.

9 – Mande todos para a linha de frente

Qual é a melhor forma de conhecer os pontos fortes e fracos do que você vende? Ouvir os clientes, claro. Mas não basta que apenas um ou outro profissional da equipe esteja na “linha de frente”, escutando as reclamações, registrando os elogios e repassando o que considera mais importante adiante. “Todos os funcionários devem ter contato com os clientes – talvez não todo dia, mas pelo menos algumas vezes ao longo do ano. Só assim sentirão na pele como é a experiência dos consumidores. Sentir na pele é o que realmente impulsiona as pessoas a consertarem um problema”, analisam os fundadores da Basecamp.

Além disso, de acordo com Fried e Hansson, o outro lado da moeda também é interessante: a alegria dos clientes satisfeitos ou daqueles que tiveram um problema resolvido pode ser uma motivação incrível. Portanto, mande todos para a linha de frente. E use as informações coletadas no front para evoluir. Seus clientes agradecem – e seus resultados, também!

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10 – A urgência é um veneno

Fried e Hansson encerram Reinvente sua empresa recomendando que o uso da linguagem emergencial seja usado somente para emergências reais, que, segundo eles, são aquelas que podem gerar consequências diretas e mensuráveis (como perda de dinheiro imediata ou perda de emprego). “Para todo o resto, relaxe”, aconselham. “A urgência gera inflação. Desvaloriza todo pedido que não seja urgente. Quando você se der conta, a única forma de conseguir que uma tarefa seja feita, será rotulando-a de urgente”, afirmam. Não é o que você quer, é?

E aí, vai reinventar sua empresa?

Saiba maisreinvente sua empresa

Livro: Reinvente sua empresa

Autores: Jason Fried & David Heinemeier Hansson

Editora: Sextante

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