“Os melhores momentos das nossas vidas raramente foram momentos passivos, parados, relaxados… Os melhores momentos geralmente ocorrem quando nosso corpo e nossa mente estão sendo testados nos seus limites, de maneira voluntária, para conquistar algo de valor que nos colocamos como objetivo.”
Mihaly Csikszentmihalyi
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Existem quatro estágios de gestor/a de vendas:
Perdido/a: equipe não bate metas, falta engajamento, falta controle, a visão do futuro é negativa.
Guerreiro/a: trabalha muito, mas equipe é inconsistente no atingimento de metas.
Arquiteto/a: planeja, organiza, executa, acompanha. A equipe bate as metas de maneira consistente.
Sábio/a: é o que chamo de GECAP, gestor/a de equipes comerciais de alta performance. É o próximo passo do/a arquiteto/a, com uma visão de futuro, proatividade na antecipação de próximos passos, visão inovadora e foco total em processos e consistência de atingimento de metas mais altas.
Qual é exatamente seu estágio hoje? Quer passar para o próximo nível?
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Hoje tinha combinado com a Natasha de falarmos sobre Ted Lasso, seu estilo de liderança e o que podemos aprender e incorporar no nosso dia a dia, mas vou deixar esse assunto para a semana que vem, porque quero falar de flow.
O conceito de flow foi desenvolvido por Mihaly Csikszentmihalyi, psicólogo húngaro-americano que se especializou em psicologia positiva.
Martin Seligman, considerado por muitos o pai da psicologia positiva, frequentemente citava Csikszentmihalyi como o maior pesquisador sobre felicidade e criatividade que conhecia.
Csikszentmihalyi morreu semana passada, aos 87 anos de causas não divulgadas pela família. Então, o texto de hoje é, de certa forma, uma homenagem e sinal de meu respeito à influência positiva que ele teve sobre meu trabalho.
De maneira resumida, o estado de flow é um estado mental extremamente focado e de alta produtividade. Você já deve ter sentido o flow em alguma atividade: você entra em alta performance e fica tão imerso na atividade sendo realizada que nem vê o tempo passar.
Atletas, artistas e músicos falam constantemente desse estado, onde eles não têm que fazer força nem pensar: simplesmente flui.
Comecei a prestar atenção ao flow e a estudar mais o assunto quando comecei a dar palestras. Num momento de flow com a audiência você consegue sentir o que as pessoas estão sentindo. Não é você no palco longe e as pessoas sentadas assistindo passivamente. Essa é a definição de uma palestra ruim, fraca.
Numa palestra boa estamos todos juntos. É um organismo ou ser único, com todos unidos e compartilhando a mesma energia.
Numa boa palestra eu saía claramente com a sensação de união total com o grupo. Ficava pensando o que era aquilo exatamente, de onde saía, o que significava, como ter mais disso. E fui estudar o assunto. Acabei descobrindo toda uma nova área superinteressante que nem sabia que existia e que já estava bem adiantada, com conceitos comprovados e testados em diversas áreas e atividades humanas.
O pessoal das forças especiais do Exército, por exemplo, cita que em momentos de flow, um grupo de cinco ou seis pessoas sabe o que os outros estão pensando e sentindo. Estão andando em grupo, numa floresta, cada um olhando para um lado, cuidando de alguma coisa, mas todos sentem-se conectados, como se estivessem vendo e sentindo tudo que os outros estão vendo e sentindo.
Times de esportes coletivos e bandas de música dizem a mesma coisa: cada um faz a sua parte, mas estão todos juntos coletivamente. Um deles improvisa alguma coisa e o outro já sabia que ele/ela ia fazer isso e reage naturalmente, como se estivessem conectados (e estão).
Flow acontece em diversas áreas. Você pode estar cozinhando, escutando música e tomando um vinho e entrar em flow.
E pode acontecer em grupo. Inclusive, para quem vai à igreja ou culto, a sensação de comunhão com as outras pessoas é exatamente isso – flow. É uma energia que une o grupo todo em pensamentos e emoções – uma união muito forte e que provoca uma sensação de completude, de estar conectado não só ao grupo, como a algo maior.
Para quem nunca teve flow com um grupo de pessoas pode ser difícil de entender, mas quem já sentiu sabe como é poderoso. E em Vendas isso acontece o tempo inteiro. Ou pelo menos deveria ser um de nossos objetivos.
Quanto mais consultiva é a venda, mais o flow é poderoso. Uma das forças ocultas do SPIN Selling, por exemplo, é justamente que ele estimula um estado de flow com o/a prospect. É uma conexão muito forte, pois é rapport, só que com ritmo e objetivo.
Para técnicas consultivas avançadas, como a Venda Desafiadora, você tem resultados completamente diferentes se consegue entrar em flow com a outra pessoa ou com o grupo. Se não, comete um dos principais erros da Venda Desafiadora, que é ir para o confronto, o que passa sensação de arrogância e dificulta muito o relacionamento. É o flow que permite que você e o/a prospect (ou o grupo de prospects) evoluam por questões potencialmente complicadas (foco da Venda Desafiadora) de maneira positiva e construtiva.
De acordo com Csikszentmihalyi, existem 8 elementos no flow:
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Clareza de objetivos e feedback imediato
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Alto nível de concentração com foco específico
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Sensação de controle
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Baixo esforço
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Percepção alterada do tempo
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União e alinhamento total entre pensamentos, sentimentos e ação, sem espaço para dúvidas internas ou conversas mentais e pensamentos negativos.
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Autotelismo: Do grego “auto” (você mesmo) e telos (objetivo). Atingir o objetivo traz satisfação, mas a própria atividade traz, em si, satisfação. Por isso Csikszentmihalyi referia-se ao flow como IROI (em inglês – immediate return on investment, ou retorno imediato sobre o investimento).
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Equilíbrio entre desafio e habilidade, como demonstrado no gráfico abaixo:
Note o que o gráfico está nos dizendo e como pode ser útil para ‘n’ aplicações diferentes em Liderança ou Vendas:
Se a pessoa tem competência alta, mas desafios baixos, sente aborrecimento e frustração.
Se a pessoa tem desafios altos mas competência baixa, sente medo e perplexidade.
A zona de alta performance do flow é quando temos um equilíbrio entre essas duas questões: desafios x habilidades/competências e vai evoluindo com o tempo, conforme nos desenvolvemos e crescemos pessoalmente e profissionalmente.
Sempre que você entrar num tipo de transe fazendo alguma coisa, onde tudo parece fluir sem esforço, onde você está produzindo muito bem e com qualidade, onde tem prazer não só no resultado mas nas próprias tarefas e onde o tempo não existe, lembre que o nome dado a isso é FLOW e quem criou o termo e o conectou fortemente à felicidade foi o prof. Csikszentmihalyi.
E como podemos fazer para conseguirmos mais momentos de flow? É simples (mas não fácil). Começa por você eliminar coisas que matam o flow.
O que mata o flow?
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Falta de objetivos claros
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Falta de feedback imediato
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Baixo nível de concentração (interrupções frequentes, por exemplo)
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Falta de foco
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Falta da sensação de controle
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Sensação de esforço extremo ou demasiadamente alto
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Pressão constante do tempo
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Conversas mentais negativas (ou estímulos externos que provoquem isso)
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Foco negativo na rotina e processos necessários para alcançar o objetivo
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Desafios altos demais/impossíveis para o nível atual de competência
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Competências baixas demais para o nível atual dos desafios
Essa lista pode ser aplicada a reuniões internas, treinamentos, feedback individual ou equipe, reuniões de prospecção de clientes, customer success… e até na sua vida pessoal.
Quanto disso está acontecendo e como podemos melhorar?
Tem aí um checklist excelente e um exercício muito interessante para fazer com sua equipe de vendas – tanto aplicado a reuniões internas, ao dia a dia do trabalho e a encontros/contatos com clientes.
Revisem juntos a lista e depois me conte como foi.
Quanto mais vezes você ou alguém da sua equipe entrar em flow na semana, maior a produtividade e, principalmente, maior a sensação de êxito, sucesso e PROSPERIDADE. #parapensar
Coloque como desafio então contar esse número de vezes e trabalhe para fazer com que ocorra com mais frequência.
Dica off topic, mas importante: quer melhorar o relacionamento com alguém na sua vida? Note quantas vezes estão entrando em flow e dedique-se proativamente a melhorar quantidade, qualidade e intensidade desses momentos.
Fica aqui registrada minha singela e humilde contribuição ao assunto como forma de homenagear o prof. Csikszentmihalyi, criador do conceito de flow, que nos deixou na semana passada. Espero que tenha sido útil para você.
Abraço, $uce$$o e boa semana,
Raul Candeloro
Diretor
P.S. Temos um jogo para treinamento de equipes chamado Vendópolis, perfeito para reuniões e treinamentos de vendas com 20 a 100 vendedores. O flow é tão grande no Vendópolis que o pessoal NÃO SAI PARA O COFFEE BREAK. Pare para pensar quando foi a última vez que isso aconteceu em um de seus treinamentos. Se quiser levar o Vendópolis para treinar sua equipe, fale com o Jean ([email protected]) ou com a Meire ([email protected])
P.S. 2: São assuntos assim que falamos na Comunidade VM, nosso grupo VIP para assinantes da Premium VM. Se você é líder ou gestor/a de uma equipe de vendas e ainda não assina, recomendo: comunidade, revista, treinamentos, campanhas e interação direta comigo, com equipe VendaMais e outros líderes de vendas. premium.vendamais.com.br