Seja antifrágil

O que você prefere: ter sucesso em algo que odeia ou fracasso em algo que ama?

Essa tem sido uma pergunta cada vez mais frequente no ambiente de trabalho. Muita gente está em cargos e funções que, se pudesse realmente escolher, não estaria. Mas como precisam de dinheiro e da segurança, ficam lá.

Pergunta: que tipo de resultado será que teremos numa empresa em que a maioria das pessoas não ama o que faz?

Todo mundo concorda que as empresas vencedoras precisam de pessoas que vistam a camisa e estejam realizadas no trabalho. Este não é um conceito novo. Mas é uma das regras mais desrespeitadas do mundo corporativo. Existem milhares de pessoas inteligentes, com habilidades e talentos completamente desperdiçados pela falta de motivação. Andam com o freio de mão puxado, inseguras de sua posição no mundo, sem contribuir nem produzir nem 25% do que seriam capazes.

Acho que muitas vezes as pessoas já começam na carreira de forma errada… Estão mais preocupadas com “quanto” do que “no que vai resultar”.

Na nossa vida pessoal, também temos que seguir essa lógica e trocar a pergunta “Quanto vou ganhar?” para “Quem quero ser?”.

Citando Eduardo Galeano, somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.

Vejo muita gente falando de planejamento de carreira. Pessoalmente, acho isso uma tremenda bobagem, pois resulta numa vida quadradinha, cartesiana e em tentativas frustradas de alcançar lá no futuro algo que quero agora. Como se realmente fosse possível prever e controlar algo tão grande e com tantas variáveis.

Como se você fosse chegar lá exatamente do mesmo jeito que está hoje, valorizando as mesmas coisas que quer agora. Isso simplesmente não acontece (leia Stumbling on Happiness, do Daniel Gilbert, se quiser se aprofundar no assunto).

Essas pessoas podem até conseguir o sucesso financeiro e social, mas geralmente de maneira superficial. Por dentro estão sempre em dúvida, consumidas por um sentimento que insiste em fustigá-las sem trégua.

É a dúvida mais atroz que existe: se teoricamente tenho tudo para ser feliz, por que não sou?

Acho que foi Helen Keller quem disse: “Evitar o perigo não é mais seguro do que viver exposto a ele. A vida é uma grande aventura, ou então não é nada”.

Felizmente existe uma saída. Ao invés de se concentrar no que virá depois, na parte financeira ou material das conquistas, no que precisa ter e/ou comprar, concentre-se no que é mais importante.

Como disse certa vez um sábio, preocupe-se mais com o seu caráter do que com sua reputação, porque sua reputação é o que os outros pensam de você, e o seu caráter é quem você realmente é.

Na verdade, o trabalho certo para você deveria ser mais parecido com a vida de verdade: às vezes divertido, às vezes agitado, muitas vezes frustrante. Você sabe que encontrou algo que realmente ama quando as contrariedades parecem superficiais e fáceis de contornar. São pequenos obstáculos, que você usa como degraus para o sucesso.

Outro dia, por exemplo, tive o prazer de assistir a dois jogos fenomenais: final da Champions League, Real Madrid x Liverpool, com Cristiano Ronaldo correndo como um louco, pedindo a bola, Gareth Bale fazendo um golaço histórico, os dois claramente se agigantando perante a situação desafiadora, e do outro lado um goleiro que falhou incrivelmente em dois lances e terminou o jogo chorando, sendo consolado pelos jogadores do outro time, e que provavelmente comprometeu não só aquele resultado, mas toda sua carreira (vitoriosa até aquele momento).

No outro jogo, final de uma das conferências da NBA, Lebron James também se agigantou (ainda mais do que já é grande) e levou o time nas costas.

O olho do tigre só surge para quem realmente está curtindo o momento, pensando “nasci para isso”. A tensão, o desafio melhoram a performance de quem está preparado, no flow do momento.

Por isso, em termos de preparação e planejamento, prefiro 1000x a lógica do antifrágil do Taleb. O antifrágil fica mais forte sob pressão.

Voltando à questão profissional, as pessoas que realmente amam seu trabalho raramente falam apenas de como ele é emocionante ou desafiador. Mesmo cantores de rock cansam-se de dar shows para multidões. O emocionante e desafiador é ótimo, mas é passageiro. Pessoas realmente envolvidas e engajadas usam termos mais profundos: significado, sensação de bem-estar, realização.

Como disse Goethe: “A pessoa que nasceu com um talento que estava destinado a usar encontra sua maior felicidade ao usá-lo”.

Estamos escrevendo todos os dias a história da nossa própria vida.

Não é só uma história de conquistas ou fracassos, de vitórias ou derrotas, embora as mídias sociais e a mídia em geral teimem em só mostrar essa parte.

Na verdade deveria ser uma história de descobertas. Através de erros e acertos descobrimos qual a verdadeira contribuição que podemos dar ao mundo. Assim, descobrimos que o que no começo parece um grande salto audacioso é apenas um pequeno passo em relação ao futuro.

Tenho, por exemplo, grande interesse em aprender como o Lebron James se mantém motivado em situações em que todos os sinais são contrários e a derrota é iminente.

Tenho, por exemplo, grande curiosidade em acompanhar como o goleiro do Liverpool vai reagir ao que provavelmente foi o pior jogo da sua carreira, no momento mais importante, em que não poderia falhar. Vai sucumbir? Vai se recuperar?

O que nos traz de volta ao tema de hoje. Da próxima vez que for aceitar um desafio, não pergunte “o que vou fazer?”, mas sim “em que tipo de pessoa vou me transformar?”. Porque só existe uma opção: ou você está crescendo de alguma forma ou não está. Ou está evoluindo ou não está.

E acredito firmemente que você foi colocado neste mundo para evoluir, para crescer.

A melhor forma de fazer isso é colocando-se à prova, aprendendo e fazendo com que os contratempos nos fortaleçam. A questão não é o que nos acontece, é como reagimos quando acontece.

Abraço, boas vendas e uma semana de muito crescimento para você.

Raul Candeloro
Diretor

P.S.: Conhece meu curso PAP, sobre os princípios da alta performance? Se gosta desta área e do assunto de crescimento e desenvolvimento pessoal, recomendo – acho que é, de longe, um de meus melhores cursos e um dos que mais impacto provoca na vida das pessoas (raramente compartilho os testemunhais do PAP, porque são realmente MUITO pessoais, mas sei do poder de transformação porque os alunos me passam comentários sempre, inclusive com fotos do que conquistaram, lugares que conheceram, mudanças profundas pessoais e familiares…). Caso tenha interesse: https://www.institutovendamais.com.br/pap

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