Recuperação judicial de pequenas e médias empresas em debate

recuperação judicial

Recuperação judicial é um tema que levanta muitas dúvidas, gera desentendimento e pode até fazer as empresas perderem oportunidades de crescimento. Sabendo disso e pensando em ajudá-lo a entender melhor o assunto, Raul Candeloro entrevistou Julio Cesar Teixeira de Siqueira, autor do livro Recuperação judicial de pequenas e médias empresas, lançado pela Trevisan Editora.

No bate-papo, Siqueira explicou que sua obra pretende ser um guia prático tanto para o devedor quando para o credor e revelou como a recuperação judicial pode ajudar a tirar empresas de situações de crise, crescer e evoluir, e muito mais. Acompanhe!

Raul Candeloro – Ainda existem muitas dúvidas e desinformação sobre recuperação judicial, que é o tema do seu livro. Qual é a definição exata de recuperação judicial e quais são as dúvidas mais comuns em relação ao assunto?

Julio Cesar Teixeira de Siqueira – Costumo usar a própria Lei 11.101/2005 – Lei de Recuperação e Falência – quando comento o assunto. O artigo 47 traz a definição exata do que é a Recuperação Judicial:

“A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”

As dúvidas mais comuns são sobre a abrangência da lei, sobre os efeitos de curto e longo prazo, se toda a dívida da empresa está sujeita à lei e se realmente uma empresa se recupera ao pedir o apoio aos seus credores através da recuperação judicial.

Já existem alguns livros no mercado sobre esse assunto. Por que o seu é diferente? O que o levou a escrever o livro?

Existe uma vasta literatura no mercado, mas a maioria é voltada para especialistas e para o devedor. Meu livro é voltado ao empresário e reserva uma parte ao devedor e outra também ao credor.

A inspiração para escrever o livro veio pela minha proximidade com os empresários, principalmente médios e pequenos. A decisão em seguir para a recuperação judicial ou dar crédito a uma empresa em recuperação judicial tem que ser do dono, com o apoio ou não de sua equipe. Portanto, ele deve entender todo o processo e suas etapas.

Quais são os erros mais comuns que você vê as empresas cometendo em relação aos assuntos que você aborda no seu livro?

  • Primeiro, confundir o pedido de recuperação judicial com a falência.
  • Segundo, negar-se a continuar fornecendo para uma empresa em recuperação judicial por conta de “mitos”. Creio que é preciso reavaliar o crédito tecnicamente e, aí sim, decidir em continuar ou não oferecendo o crédito.
  • Outro erro comum é perder o momento correto para requerer a recuperação judicial, muitas vezes trocando (rolando) dívidas e aumentando o passivo sem obter uma solução.

Dessa lista de erros, qual você considera o mais grave? Por quê?

O erro mais grave é não analisar o momento correto em requerer recuperação judicial. Certamente que se existe uma chance, o empresário deve perseguir, mas requerer o apoio da Lei com um certo caixa, estoque e crédito fará a diferença.

Na VendaMais somos bem focados em vendas. Então, vamos falar um pouco mais sobre isso. Na sua opinião, o que uma empresa em recuperação judicial deve e não deve fazer na parte comercial?

  • recuperação judicialA empresa deve continuar com o foco no cliente, mas analisando a curva ABC dos produtos vendidos. Itens que não deixam margem e são deficitários devem ser reavaliados e possivelmente descontinuados.
  • Ela também não pode esconder do cliente sua dificuldade. É preciso ser transparente, informando sobre a crise e a forma que irá superar-lá.

Dessa lista de erros, qual você considera o mais grave? Por quê?

Continuar gerando prejuízo com itens obsoletos. A recuperação é uma oportunidade para a empresa sair da crise. É um contrassenso seguir com a mesma estratégia que possivelmente a levou a essa crise.

Falando sobre seu trabalho como consultor agora. Que tipo de empresa geralmente contrata seus serviços? O que buscam?

O maior volume está na indústria, mas também atendo comércio e serviços. Todas buscam um “fôlego” e um apoio para superar um momento de crise.

Por outro lado, que tipo de consultoria não é adequado para você? Ou seja, que tipo de desafios você geralmente prefere não aceitar ou indicar para algum colega?

Acredito no atendimento pessoal de cada cliente. Divido isso com meu sócio e vamos muito bem assim. Hoje não estamos fazendo consultoria sobre gestão de caixa e indicamos nossos parceiros. Preferimos atuar na área técnica e estratégica do processo.

Qual seu diferencial em relação a outros consultores? Qual sua “marca registrada”?

Conheço o chão de fábrica e falo a tanto a linguagem do empresário quanto a do operador da máquina. A recuperação judicial não se faz sozinha. É necessário somar as forças!

Com tanta experiência na área, quais dicas ou informações você vê sendo dadas pela mídia sobre recuperação judicial com as quais não concorda?

Não concordo que a lei serve exclusivamente para grandes devedores. Acredito que todos, independentemente do passivo, devem analisar as vantagens e desvantagens de requerer a recuperação judicial e perseguir a maior vantagem e chance de dar certo.

Algum último comentário que queira fazer para os leitores da VendaMais?

Existe oportunidade em tempo de crise e cada gestor de vendas deve identificar as suas. Imagine uma grande empresa que sempre foi restrita a novos fornecedores e que acabou requerendo recuperação judicial. Não é uma porta de entrada tentar entender os motivos e ser um fornecedor que vai apoiar essa empresa neste momento? Vale uma reflexão!

–> Para saber mais sobre o livro, clique aqui.

Canais de contato de Julio Cesar Teixeira de Siqueira: Facebook  |   LinkedIn   |    Twitter

E-mail: [email protected]

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