Os 4 maiores desafios para startups latino-americanas

desafios da américa latina

Por Diego Fischer

Na América Latina residem as pessoas mais felizes do mundo. Temos times de futebol internacionais dominantes. Mais da metade da população utiliza a internet, um dos maiores usos diários da rede mundial de computadores de todo o mundo.

A América Latina difere em vários pontos em relação a, por exemplo, os norte-americanos. E, para ser honesto, se uma startup dos Estados Unidos fosse aberta em nosso ecossistema, ela desmoronaria sob o peso de um mundo muito distinto. Quero ajudá-lo a entender o porquê.

Altas cargas tributárias

A América Latina tem algumas das maiores taxas marginais de imposto corporativo no mundo. Argentina, Suriname, Brasil e Venezuela: todos têm 34% ou mais em impostos. Ou seja, nossos tributos são, em média, naturalmente maiores do que os praticados na América do Norte.

No Brasil, enfrentamos taxas de juros caóticas – embora a Selic esteja abaixo de 7%, já chegou a atingir 15,45% em 1999 e 14,25% em 2015. Aqui, somos pessoalmente atingidos com um fluxo interminável de impostos para as empresas, fazendo com que os produtos eletrônicos e de consumo sejam tributados, subindo seus preços rapidamente. Um exemplo disso é o PlayStation 4, que custa US$ 1.845!

É verdade que isso foi o quanto o PS4 custou em 2013, mas a Sony deliberadamente começou a fabricar consoles no Brasil para reduzir drasticamente o preço. No entanto, essa prática não é via de regra e mostra os desafios que empresas de tecnologia enfrentam na América Latina.

Isso significa que não só os impostos sobre o seu negócio são incrivelmente altos, assim como os custos de aquisição de tecnologia. Ou seja, é melhor você estar bem financiado. 

A adoção do consumidor pela tecnologia é mais lenta

Apesar do mercado de smartphones ser o mais rápido de crescimento no mundo, a América Latina sofre com vários tributos de luxo. Por exemplo, um iPhone custa 150% mais na Argentina. Um laptop básico no Brasil pode alcançar o valor de US$ 1.400.

Isso significa que as empresas que dependem de tecnologia mais nova terão problemas. O ARKit da Apple, por exemplo, pode ser executado em qualquer aparelho depois do iPhone SE. Porém, no Brasil o iPhone SE de dois anos (que pode ser comprado da Best Buy por US$ 149,99 na América) custa R$1.999.

Recrutamento é um desafio – e os funcionários são caros

A emoção de deixar uma universidade superior como Stanford e ser pago em equidade com a esperança de ótimas oportunidades seria algo considerado, na melhor das hipóteses, um sonho na América Latina. O patrimônio não significa nada aqui – a segurança, sim.

Em comparação com a consultoria de gestão e os serviços financeiros – carreiras que, naturalmente, decorrem de um bom título universitário – uma startup que oferece uma oportunidade logo depois da universidade não é nada comparada à renda tangível. É uma tendência que muda lentamente, mas por enquanto, não é possível oferecer equidade ou sonhar com os mais brilhantes e melhores – é preciso oferecer dinheiro.

E quando você consegue contratar alguém, pelo menos no Brasil, é incrivelmente caro mantê-lo. Os custos de folha de pagamento são pelo menos 68,18% ao mês do salário do empregado. Esse gênio de R$90 mil por ano que você acabou de encontrar custou, na realidade, R$151.362.

Abrir uma conta bancária leva meses – e o financiamento é uma dor

Devido a uma alta taxa de fraude, abrir uma conta bancária empresarial no Brasil demora cerca de três meses. Sem ela, não é possível receber receita. Ou financiamento. Ou muito de qualquer coisa. Isso significa que, mesmo para começar seu negócio, você terá que passar por uma burocracia sem fim e aguardar, formulário após formulário, para provar ao banco que vai dirigir um negócio legal.

Isso significa que o início de uma startup começa de forma que não pode ser “interrompida” ou “inovada”. Essas são as leis, e devemos respeitá-las. E você também, se quiser vender em território nacional. Finalmente, quando o empreendedor obtiver receitas com uma empresa, será preciso buscar financiamento.

E é aí que o empresário pode bater em uma parede. Como existe uma verdadeira falta de capital de risco latino-americano – e o resto do mundo apenas voltou os olhos para nós recentemente – nos faltam luxos, como rodadas de pontes. E existe uma enorme taxa de mortalidade após a série A para as startups. Na América Latina, quando você tropeça, dá para cair muito mais rápido do que em outras regiões do mundo.

Não estou dizendo que me arrependo. Nosso mercado é fluido, emocionante, surpreendente e podemos atender às necessidades de centenas de milhões de pessoas. É um trabalho árduo, e que gera alguns dos mais interessantes e maravilhosos empresários do mundo.

Diego Fischer é CEO da InstaCarro (www.instacarro.com), startup que viabiliza negócios rápidos, seguros, transparentes e com os melhores preços de lojas e concessionárias para quem quer vender o carro. O veículo é ofertado para mais de 1,5 mil lojas e concessionárias do Brasil em até uma hora, e o vendedor recebe múltiplas ofertas, escuta a maior e, se aceitar, é pago na hora – sem se preocupar com laudo de transferência.

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