Confira entrevista com Ricardo Veríssimo

“Alguns palestrantes chegam com um roteiro pronto, não pesquisam o público, morrem de medo de perguntas e acabam não interagindo com o público. Alguns contam piadas, do que sou plenamente a favor, mas esquecem que só rir não leva a um ensinamento que será replicado após o evento. Acho que tudo que está relacionado à comunicação, que tem de alcançar mais pessoas do que as que estão diretamente ouvindo ou assistindo ao evento, tem de se multiplicar.” Confira entrevista com Ricardo Veríssimo.

Vamos começar falando do seu livro 20 regras de sucesso do pequeno empreendedor. Qual é a principal ideia ou conceito que você defende nele?

O livro apresenta a saga do empreendedor, intercambiando conceitos teóricos e práticos, ilustrado com casos reais vividos por mim em minha jornada empreendedora. Conta os tropeços e sucessos de quem ousou, com muito pouco, sair da sombra da carteira assinada e enfrentar o mundo empresarial. Traz mensagens que dizem que ser simples é o maior diferencial do pequeno empreendedor, que pode muito melhor ser falado por alguém que estudou na melhor das escolas para o empreendedor, que é a escola de quem fez. Divide-se em quatro capítulos: o primeiro dá o perfil empreendedor; o segundo, o início do empreendimento; o terceiro, o crescimento e a manutenção da conquista; e o quarto, os principais problemas encontrados. Engloba, dessa forma, os cinco primeiros anos de um empreendimento, baseado nas experiências do autor e em seus empreendimentos.

Como você começou como palestrante?

Comecei palestrando para turmas de jovens empreendedores de um projeto social chamado Iniciativa Jovem, que fomenta o empreendedorismo. Com esse trabalho começaram a surgir convites para palestras, seminários, consultorias e bate-papos com empreendedores (espécie de mesa redonda) sobre o empreendedorismo e o mercado das PMEs.

Que tipo de empresas geralmente contratam seus serviços? O que elas buscam em suas palestras?

Geralmente são eventos para instituições que querem fomentar e incentivar novos empreendedores. Procuram palestrantes com conhecimento prático e histórias de superação para motivar os empreendedores iniciantes. Buscam lições simples e aplicáveis, com linguagem de fácil entendimento, bem próxima dos jovens, de forma a atrair atenção pela semelhança de histórias.

Por outro lado, que tipo de evento ou treinamento não é adequado para você? Ou seja, que tipo de problemas, situações ou treinamentos você geralmente prefere não aceitar ou repassar para algum colega?

Treinamentos para grandes empresários, consolidados e de alcance nacional não terão aproveitamento dos meus treinamentos. Tenho focado em atender pessoas jovens, não em idade, mas em condição de empreendedor, ou seja, recém empreendedores ou pessoas que pretendam entrar no mercado empreendendo, tendo em vista os ensinamentos e conceitos focados em associação de ideias e similitude.

Qual é o seu diferencial em relação a outros palestrantes? Qual é a sua “marca registrada”?

Muitos palestrantes falam sobre empreendedorismo e não sei em quê eu poderia ser igual a eles. Acredito que me diferencio em tudo, mas arrisco dizer que o grande diferencial é o improviso.

Minhas palestras são sempre diferentes e as realizo no improviso, levo os tópicos que desejo abordar e de acordo com o público e o retorno mudo tudo na hora. Isso só é possível quando se tem vivência naquilo que se está falando. E isso só soa verdadeiro quando o público sente, através da emoção e da confiança, que quem está falando realmente cometeu erros, acertos e falências e ainda tem sucesso para apresentar.

Além do seu próprio site (www.ricardoverissimo.com.br), que outros endereços da área você recomenda para quem quer se aprofundar no assunto?

Recomendo os sites www.iniciativajovem.com.br, www.papodeempreendedor.com.br e o boleto Visão Empreendedora do Sebrae. 

Quais são seus livros de negócios ou autores preferidos?

Gosto muito de dois livros: O maior milagre do mundo, de Og Mandino e a biografia de Lee Iacocca. Dos autores nacionais sigo já há muitos anos os mestres Mario Persona, Paulo Angelim, Raúl Candeloro, Sérgio Dal Sasso, Tom Coelho e o saudoso Eduardo Botelho. Como consultor nacional sou admirador profundo de Mario Persona.

Qual foi a sua palestra mais memorável, a que mais lhe marcou? 

Minha palestra mais memorável foi em uma escola estadual no Rio de Janeiro sobre empreendedorismo, realizada de forma voluntária pela ONG Argilando. Marcou muito, pois tive o retorno dos jovens, em sua maioria moradores de comunidades carentes, que mostraram anseios empreendedores, e muitos já realizavam alguma atividade empreendedora informal. Minha interação com eles foi muito emocionante, pois as dificuldades e os anseios que eles vivem são muito parecidos com os que eu vivi. Conto em meu livro algumas dessas histórias. Marcou muito para mim, pois minha intenção, antes de qualquer coisa como palestrante, foi exatamente a mensagem que eu quis passar quando comecei a escrever e palestrar. Comprovou que minha certeza de que sozinho poderia incentivar e mudar a realidade de muitas pessoas que têm ideias, capacidade, mas não empreendem por falta de conhecimento.

Qual foi a situação mais desastrosa ou engraçada que já aconteceu em uma das suas palestras ou eventos?

A situação mais engraçada foi ministrar uma palestra em um auditório para cem pessoas com seis assistindo. Foi engraçado, pois era um grande evento de uma grande faculdade, e apesar do grande investimento não houve quorum. Mas o mais engraçado é que apesar de ter contado com apenas seis pessoas, no dia seguinte recebi mais de 30 e-mails sobre o evento. Fiquei triste por ter poucas pessoas, mas depois alegre, pois receber 30 e-mails significou que as seis pessoas que a assistiram multiplicaram por cinco o que ouviram.

Qual é o maior erro que você nota nas convenções ou nos treinamentos de empresas?

Alguns palestrantes chegam com um roteiro pronto, não pesquisam o público, morrem de medo de perguntas e acabam não interagindo com o público. Alguns contam piadas, do que sou plenamente a favor, mas esquecem que só rir não leva a um ensinamento que será replicado após o evento. Acho que tudo que está relacionado à comunicação, que tem de alcançar mais pessoas do que as que estão diretamente ouvindo ou assistindo ao evento, tem de se multiplicar.

Por que você acha que tantas reuniões e tantos treinamentos são chatos ou improdutivos? O que poderia ser feito para melhorar isso?

Toda reunião tem de ser planejada, gerenciada por um ator firme, que não se perca, para que haja objetividade. Caso isso não ocorra, torna-se aquelas reuniões e treinamentos que no final a única coisa definida é que se fará outra reunião para definir o que não foi feito. É preciso planejar; planejamento é a palavra de ordem antes de reuniões. É preciso saber o perfil de quem vai participar, as principais resistências que serão encontradas, o apoio, a rejeição, etc.

Que grande conselho ou dica você daria para alguém que deseja melhorar resultados no trabalho e/ou na vida?

Reduzir tudo ao necessário, ou seja, à solução.

Gostaria de deixar um último recado aos nossos leitores?

Seja simples, não fácil; seja planejador e não pensador; venda solução, e não dificuldade.


Ricardo VerissimoRicardo Veríssimo é escritor, palestrante e presidente da RVeríssimo Suporte e Tecnologia. Membro do Conselho de Jovens Empresários da Firjan e da rede de empreendimentos Iniciativa Jovem.

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