Confira a entrevista com Ernesto Berg

Ernesto Berg

Muitos líderes, instituições e organizações falham por ignorarem dois componentes básicos da liderança: o componente ESTRATÉGICO e o componente OPERACIONAL. O primeiro, estratégico, diz respeito à missão, visão, valores e estratégias do líder. O segundo componente, operacional, refere-se às atitudes, ações e práticas do dia a dia.

1. Sobre o que trata exatamente seu livro O Poder da Liderança? Qual a grande mensagem?

Costuma-se dizer que os fundamentos da liderança são inalteráveis, ou baseados em verdades imutáveis. Dentro de certos limites e padrões isso não deixa de ser verdade, principalmente no âmbito empresarial, no contato direto com colegas e subordinados. Porém, alargando nosso campo visual e enfocando a liderança na perspectiva mundial, podemos perceber, cada vez mais, como as coisas hoje são bem diferentes de dez ou quinze anos atrás. O fato é que estamos enfrentando uma nova e confusa atmosfera em um mundo onde as coisas são incertas, o tempo acelera e a dinâmica tornou-se complexa.  Muitos líderes e executivos sentem-se assoberbados diante desse cenário, muitas vezes sem saber o que fazer, como lidar com os desafios e como tomar decisões sob pressão, debaixo de extrema incerteza. No entanto, mesmo em tempos de turbulência, como a que estamos vivendo, existem estratégias, processos, técnicas e – sobretudo – atitudes, os quais, adequadamente utilizados e seguidos, podem trazer uma resposta significativa e prática para muitos dos problemas de liderança pelas quais estamos passando. A mensagem do livro é exatamente esta: trabalhar tanto o aspecto amplo quanto o operacional da liderança, aproximando e interagindo a visão estratégica com a instrumentalidade funcional do dia a dia do líder, num cenário de incerteza.

2. Você poderia dar algum exemplo específico, tirado do livro, que reflita isso de maneira prática para o leitor?

O aspecto mais prático que reflete o objetivo do livro é a interação entre a liderança estratégica, sobre a qual escrevo nos primeiros capítulos do livro, com a liderança operacional, que discorro no restante da obra.  Muitos líderes, instituições e organizações falham por ignorarem dois componentes básicos da liderança: o componente ESTRATÉGICO e o componente OPERACIONAL. O primeiro, estratégico, diz respeito à missão, visão, valores e estratégias do líder. O segundo componente, operacional, refere-se às atitudes, ações e práticas do dia a dia. Grande número de estudiosos sobre liderança afirma que o papel do líder é o de trabalhar na visão estratégica, deixando a parte operacional aos subordinados imediatos. Outros, argumentam que o líder deve envolver-se na execução das ações, quase sendo um gestor operacional. Mas, como diz o ditado, “nem tanto ao céu, nem tanto a terra”. Tratando-se de liderança, considero que a escolha ideal é aquela que extraia o melhor dos dois componentes, mesclando visão com ação, e é exatamente isso o que livro faz.  É onde entra em cena o lado prático do livro: têm 12 questionários de autoanálise que abrangem tanto a liderança estratégica quanto a operacional, seguido de orientações específicas que auxiliam na tomada de decisão, nas ações do líder e na interação com sua equipe.

3. Qual é o público-alvo do seu livro? Quem se beneficiaria mais da sua leitura?

O livro destina-se a gestores de todos os níveis hierárquicos, do executivo ao líder de equipe. Recentemente conversei com o executivo de uma empresa nacional de grande porte, a maior da  América Latina, no seu segmento de atuação. Ele afirmou que estava lendo o livro e que estava preenchendo, um a um, os doze questionários, e que os resultados dos testes, em conjunto com as orientações do livro, estavam sendo extremamente úteis para suplementar várias de suas decisões. De outro lado, no mesmo período, recebi um e-mail de um rapaz, recentemente promovido a supervisor, pedindo orientações sobre como liderar equipes. É um tipo de solicitação que recebo o tempo todo. Mandei-lhe inúmeras orientações que, segundo ele, se encaixaram como uma luva em suas necessidades. Disse-lhe que eram trechos extraídos do meu último livro O Poder da Liderança, mas que ele podia usar livremente os testes e artigos que enviei, com o seu pessoal. Três dias depois, recebi outro e-mail dele dizendo que havia comprado a obra e que já estava colocando em prática as dicas do livro.

4. Com tantos outros livros sobre Liderança já disponíveis no mercado, qual a diferença do seu? O que ele oferece de diferente?

Alguns dos diferenciais mencionei anteriormente: como realizar a integração – nem sempre fácil – entre a liderança estratégica e a operacional; a praticidade e funcionalidade do livro cujos capítulos têm doze testes em onze áreas diferentes, de liderança a administração de conflitos, de desenvolvimento de equipes a criatividade organizacional; e, por último, algo que não é comum em livros desse tipo, um capítulo só sobre missão de vida do líder, abrangendo questionário de autoanálise, formulário de metas pessoais e orientações específicas sobre esse assunto. O motivo pelo qual inseri esse capítulo é que, liderança, mais do que um simples cargo funcional, é uma missão de vida cujo desempenho requer certos requisitos e atitudes que, se não forem diligentemente seguidos, levarão inexoravelmente ao fracasso.

Referências

1. Além do seu próprio site (www.quebrandobarreiras.com.br), que outros sites na nossa  área você recomendaria?

Sites específicos de liderança:           

  • www.lideraonline.com.br
  • www.endeavor.org.br
  • www.johnmaxwell.com
  • www.briantracy.com

2. Que outros autores ou livros você recomendaria para quem quer se desenvolver nessa área?

Raúl Candeloro: Gigantes da Liderança, John Maxwell: O Livro de Ouro da Liderança, Warren Bennis e Burt Nanus: Líderes.

Sobre suas palestras

1. Que tipo de evento é o seu preferido? Formato, público, duração?

Além dos cursos, aprecio muito dar palestras em Congressos, Simpósios, Workshops e Encontros Nacionais, para todos os tipos de público e de qualquer duração.

2. Qual sua palestra mais memorável, a que mais lhe marcou? 

Foram várias.

Cito cinco:

  1. Em Manaus, em um Simpósio de Executivos das multinacionais;
  2. No Rio de Janeiro, para a Petrobras;
  3. Em Salvador, em um Congresso Nacional sobre Licitações; 
  4. Em São José do Rio Preto, num ciclo de palestras sobre gestão empresarial;
  5. Em Brasília, para a Associação Brasileira de Bancos Comerciais.

O que muito marcou foi a monopolização das entidades e pessoas envolvidas nesses eventos, culminando com plateias maciças (e entusiasmadas), muito acima do esperado.

Os temas que ministrei foram variados: negociação, administração do tempo, o gerente empreendedor, o líder estratégico.            

3. Qual a situação mais desastrosa ou engraçada que já ocorreu numa das suas palestras/eventos?

Foram várias. As desastrosas ficam, principalmente, por conta de equipamentos de multimídia que em cerca de 25 a 30 ocasiões (em mais de 2.000 palestras) não funcionaram adequadamente, trazendo prejuízos para a qualidade da apresentação. A mais engraçada aconteceu quando fui convidado a assistir uma palestra sobre sucesso profissional. Na última hora o palestrante avisou, por telefone que, por motivo de força maior, não poderia comparecer à palestra. Quando ele soube que eu estava na plateia, pediu-me que eu assumisse a palestra. Assim, improvisadamente, tive que dar uma palestra de 50 minutos de duração, de bate-pronto, sem auxílio de multimídia, dependendo exclusivamente de um rascunho de última hora que fiz sobre os tópicos da conferência. Além disso, tive que emprestar uma gravata para a apresentação, pois era uma ocasião solene.  Ao final da palestra, fui simpática e demoradamente aplaudido pelo público, mas, até hoje, ainda não sei se foi por solidariedade, ou por ter agradado. 

4. Qual é o maior erro que você nota nas convenções/treinamentos das empresas?

O maior erro que percebo nas convenções, não diz respeito à logística ou recepção, mas é por conta de palestrantes, que não “entregam” o que deles se espera. Infelizmente muitos se fiam no seu nome e dão palestras ultrapassadas, ou monótonas, subestimando a inteligência do público. Tem também os que fazem da apresentação um show pirotécnico com muita movimentação e badalação, mas com pouco conteúdo.

5. Porque você acha que tantas reuniões e treinamentos são chatos ou improdutivos? O que poderia ser feito para melhorar isso?

Ao meu ver reuniões/treinamentos são chatos quando o assunto não interessa, a metodologia é ruim e existe pouca participação das pessoas. No caso de reuniões, muitas vezes o despreparo é enorme por parte de quem deve conduzi-la. Soluções: 1. Capacitar melhor os facilitadores; 2. Definir uma agenda que venha ao encontro dos interesses dos participantes; 3. promover ativa participação das pessoas envolvidas.

6. Conselho: que grande conselho ou dica você daria para alguém que quer melhorar seus resultados no trabalho e/ou na vida?

  1. Primeiramente, querer de fato melhorar
  2. Estipular metas em todas as áreas de sua vida, com definição de prazos e ações específicas
  3. Desenvolver e aprimorar continuamente conhecimentos e atitudes
  4. Coragem para enfrentar adversidades e humildade para não se ensoberbecer, acreditando  que é autossuficiente
  5. Saber valorizar e trabalhar com pessoas e equipes
  6. Perseverar até o fim
  7. O mais importante: acreditar que Deus tem um propósito em sua vida (missão) e realizá-lo

Informação de contato:


Ernesto BergErnesto Artur Berg é administrador e sociólogo, com pós-graduação pela FGV de Brasília. Comandou a área de Desenvolvimento Gerencial do Serpro em Brasília, e foi consultor Senior da Alexander Proudfoot de São Paulo. Sócio-diretor da Berg & Cia., empresa especializada em desenvolvimento organizacional e de recursos humanos, ministrou ao longo de 30 anos mais de 1.100 cursos e proferiu mais de 1.500 palestras.

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