Confira a entrevista com Alexandre Prates

Alexandre Prates

A reinvenção acontece quando a pessoa reconhece que ela é a única responsável pelo seu sucesso ou pelo seu fracasso. Nossa tese deixa isso muito claro. Acreditamos também que uma pessoa somente se desenvolve, de fato, quando um novo desafio se apresenta

Sobre o que trata exatamente seu livro “A Reinvenção do Profissional?” Qual seu público-alvo e a grande mensagem?

O livro foi estruturado para apresentar comportamentos de sucesso de acordo com a visão de líderes consagrados no mundo corporativo, justificá-los e, principalmente, mostrar os caminhos para desenvolvê-los através da metodologia de coaching desenvolvida pelo nosso instituto, o ICA – Instituto de Coaching Aplicado.

Portanto, este livro é útil para:

  • Projetar uma carreira brilhante, planejando as competências necessárias para conquistar a tão sonhada realização profissional, independente da sua área de atuação;
  • Tornar-se um profissional com resultados extraordinários, capaz de subir os degraus que o levarão ao topo;
  • Assumir um papel de liderança diferenciado que promova resultados satisfatórios;
  • Acessar informações relevantes para o desenvolvimento de novos líderes e profissionais de alta performance.

Qual a primeira coisa que você gostaria que alguém fizesse ao terminar de ler o livro? Por onde começar?

Assumir a responsabilidade pela sua vida e carreira. Essa é a mensagem principal do livro. A reinvenção acontece quando a pessoa reconhece que ela é a única responsável pelo seu sucesso ou pelo seu fracasso. Nossa tese deixa isso muito claro. Acreditamos também que uma pessoa somente se desenvolve, de fato, quando um novo desafio se apresenta. Portanto, a principal provocação desse livro é fazer a pessoa sentir aquele “frio na barriga”, que lhe dê uma vontade imensa de encarar novos desafios e de se jogar na sua zona de incompetência. Somente assim, a reinvenção se faz presente.

Como você começou na área de Coaching?

Minha carreira foi totalmente dedicada ao desenvolvimento de pessoas. Há 14 anos tenho essa missão. Em 2005, conheci a metodologia de Coaching e me apaixonei. Desde então, já foram seis formações na área e mais de 1500 horas de atuação. Em 2007, deixei a carreira executiva e fundei o Instituto de Coaching Aplicado, onde tive a oportunidade de desenvolver pessoas em todo o país. Considero que esse foi o meu início, quando eu mudei a minha vida para viver exclusivamente da aplicação do processo de Coaching.

Referências

Quais são seus livros de negócios ou autores preferidos?

Eu sou um apaixonado pela literatura que procura desvendar os mistérios do ser humano. Destaco três que ficam sempre em minha mesa:

  • W. Timothy Gallwey: O Jogo Interior do Tênis
  • Marcus Buckingham: Descubra Seus Pontos Fortes
  • Marting E. P. Seligman: Felicidade Autêntica

Sobre Liderança

Qual é o maior erro que você nota nos líderes ao motivar suas equipes hoje em dia?

Vejo dois principais: Olhar as pessoas pela sua ótica. Um grande erro do líder é querer que as pessoas pensem como ele, que tenham seus mesmos valores e crenças e que motivem-se pelos mesmos fatores que ele. É exatamente isso que desencadeia o famoso “Conflito de Gerações”: olhar para uma geração que, naturalmente, é diferente no seu modo de agir, pensar e enxergar o mundo, e querer que tenham o mesmo posicionamento no mercado que ele tem. Isso nunca vai acontecer. O líder precisa compreender que não somente as gerações, mas que as pessoas são diferentes. Logo, precisa aprender a lidar com perfis comportamentais distintos e não querer moldar todos a sua imagem e semelhança. Acreditar que dinheiro motiva todo mundo. Muitos líderes têm a irritante mania de deduzir que todos querem a mesma coisa. “Eu pago altas comissões, o que mais eles querem?” Exatamente, o que mais eles querem? Dinheiro não motiva todo mundo, apesar de essencial, para muitas pessoas o dinheiro é um valor meio – é importante para atender outros valores – mas não é o grande motivador. Ser promovido não motiva todo mundo. Muitas vezes um reconhecimento em público motiva muito mais um colaborador do que dinheiro. Uma carta de agradecimento, assumir um projeto audacioso, enfim, as pessoas possuem motivos diferentes para sentirem-se felizes e realizadas. A questão toda é que os líderes não investem o tempo necessário para conhecer as pessoas. Quando me perguntam qual o principal problema das organizações atualmente, eu me obrigo sempre a responder: a comunicação. O fator crítico das empresas é pura e simplesmente a inexistência da comunicação, não apenas a falha desse processo. E quando existe a comunicação, falamos apenas sobre processos, metas, resultados, e não daquilo que realmente engajas as pessoas: seus sonhos!

Porque você acha que tantas reuniões e treinamentos são chatos ou improdutivos? O que poderia ser feito para melhorar isso?

Existem alguns pontos que precisamos avaliar. Um treinamento/reunião quando é chato, automaticamente também é improdutivo, pois não prende a atenção das pessoas. Agora, um treinamento dinâmico, interativo e divertido, também não é garantia de produtividade. Explico.

Um treinamento é chato e improdutivo quando não se aplica na vida das pessoas. As reuniões são maçantes quando são monólogos ou quando não direcionam para um objetivo ou resolução. Passamos horas discutindo, debatendo e pela falta de um mediador competente, nada é levado adiante e ninguém cobra as definições estabelecidas. Logo, as reuniões caem em descrédito. Um treinamento precisa ser dinâmico, interativo, por vezes divertido, mas principalmente, precisa falar sobre o mundo da pessoa, precisa ter aplicabilidade imediata. Caso contrário, perde-se o interesse com facilidade. E uma dica serve tanto para reuniões quanto para treinamentos. Defina um objetivo claro para a discussão. As pessoas precisam compreender o motivo para estarem ali. Um treinamento sem um desafio para conquistarmos não faz sentido, afinal, para fazer o que eu faço todos os dias não preciso de novas competências. Agora, para um encarar um desafio, eu quero e preciso aprender coisas novas. Da mesma forma uma reunião. As pessoas são convocadas para uma reunião de resultados. E daí? O que eu vou aprender naquela reunião? Vou apenas apresentar os meus números? Ao terminar a reunião, o que eu levo? Apenas um elogio por ter alcançado a meta ou uma repreensão por não ter conseguido? As reuniões precisam ter objetivos e enriquecer a vida das pessoas.

Qual seu treinamento, palestra ou aula mais memorável, a que mais lhe marcou? 

Foram dois momentos. Um treinamento para líderes que ministrei em uma indústria e que, em determinado momento, percebi claramente que algo errado estava acontecendo. Havia alguma coisa no ar, uma desmotivação mascarada que não estava contribuindo em nada com os resultados que pretendíamos com o treinamento. Foi então que decidi adotar uma postura arriscada, porém necessária. Interrompi o treinamento, me sentei no meio da turma e perguntei: “o que está acontecendo? O que eu posso fazer para o que treinamento valha a pena para vocês?” Foi então que eles me relataram inúmeros problemas relacionados ao futuro incerto da empresa e o quão temerosos estavam com o futuro. Naquele momento, mudei o foco do treinamento e falamos sobre carreira, futuro, possibilidades profissionais e fizemos o treinamento valer a pena para cada um. Eu aprendi uma grande lição com isso. Não importa o meu plano de aula, a minha metodologia, as minhas verdades, se nada disso tocar o coração das pessoas. Palestrar no Congresso Mercosul de Jovens Empresários em Assunção – Paraguai foi também uma experiência incrível. Eu não falo espanhol e fui informado dois dias antes do evento de que não teríamos tradução simultânea para um público 90% composto por empresários estrangeiros. Fiz a minha parte: contratei um professor de espanhol, traduzi minha apresentação, ensaiei algumas falas e fiz a palestra. Por incrível que pareça, fui muito elogiado e voltei mais duas vezes à Assunção por conta desta palestra.

Qual a situação mais desastrosa ou engraçada que já ocorreu numa das suas palestras/eventos ou treinamentos?

Fiz uma palestra para os Correios, com uma plateia de mais de 2000 colaboradores. Não fui avisado, aliás, ninguém foi, de que o sindicato estava no evento para incitar uma greve generalizada naquela regional. Quando anunciaram o diretor da empresa, ele foi literalmente “cornetado” durante alguns minutos e não conseguiu falar. Depois de algumas tentativas frustradas, só lhe restou uma opção: “com vocês, Alexandre Prates!” E lá fui eu! Também fui “cornetado”, mas a experiência me ajudou a mudar o discurso e, ao invés de falar sobre comprometimento, decidi falar sobre reputação, futuro, legado e isso, de certa forma, ajudou a criar uma conexão com o público. No entanto, isso não os impediu de me “cornetar” novamente ao final da palestra.

Conselho: que grande conselho ou dica você daria para alguém que está procurando um bom coach? Quais critérios recomendaria para a escolha?

Infelizmente surgiram nos últimos anos muitas escolas de formação de Coaches no país. Logo, fica muito complicado utilizar esse critério de escolha. Todas as escolas dizem que possuem certificação internacional, os melhores trainers, etc. O melhor filtro atualmente é a experiência e histórico profissional do Coach. Quantas horas de atuação possui? Quais resultados gerou para os seus clientes? Qual metodologia utiliza? Um bom Coach possui metodologia. Se um Coach não souber responder essa questão, cuidado! Agora, a sintonia com o profissional é muito importante. Você irá conviver alguns meses com ele, por isso, é preciso identificar-se com seu Coach.

Algum último recado que queira dar aos nossos leitores?

Permita-se se reinventar! Reinventar-se significa assumir a responsabilidade, desafiar-se continuamente e também permitir-se errar. Não há reinvenção sem erro. Ninguém está livre do erro, isso é fato, mas a decisão de transformar o erro em fracasso é nossa – o que também é um fato! Frustração, arrependimento, insegurança, medo e tristeza são emoções que nunca deixaremos de sentir, mas a decisão de seguir em frente ou remoer o passado é nossa! 

Erros, quando transformados em culpa, nos paralisam. Quando transformados em aprendizados, nos impulsionam. 

Sucesso sempre!

Informação de contato:


Alexandre PratesAlexandre Prates – Coach, especialista em desenvolvimento humano, liderança e performance organizacional. Master Coach, formado pelo Behavioral Coaching Institute e Graduate School of Master Coaches. Fundador e sócio do ICA – Instituto de Coaching Aplicado, possui mais de 1000 horas de atuação em coaching com resultados comprovados em diferentes abordagens e segmentos empresariais.

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