[Raul Candeloro entrevista] Bianca Caselato: autoconhecimento para alcançar a felicidade profissional

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Autoconhecimento e autoconfiança. É isso o que diferencia os profissionais de alta performance, que são felizes e realizados com seus trabalhos, daqueles de baixa ou média atuação, que estão insatisfeitos e infelizes. Essa, pelo menos, é a opinião de Bianca Caselato, Master Coach e Treinadora.

De acordo com a especialista, conhecer e acreditar em seu próprio potencial, entender e saber lidar com suas emoções e ter iniciativa para agir em prol dos seus objetivos é a receita ideal para quem busca felicidade em sua carreira. Do contrário, segundo Bianca, ser inseguro e ter medo de arriscar é o caminho mais rápido para uma vida profissional frustrada e infeliz.

Raul Candeloro, diretor da VendaMais e especialista em alta performance, realizou uma entrevista exclusiva com a coach. No bate-papo, ela fala sobre como os profissionais podem lidar melhor com a pressão da área comercial, quais são os erros que eles devem evitar em relação ao desenvolvimento profissional e como construir uma carreira com mais sucesso e mais felicidade. Acompanhe!

Raul Candeloro – Bianca, nossa revista é 100% focada na área comercial. Hoje, o estresse e a ansiedade estão muito presentes na nossa área, por conta da pressão constante de entrega de resultados, metas etc. Quais dicas você teria para lidar melhor com isso?

autoconhecimentoBianca Caselato – A ansiedade é o mal século e o estresse gera a depressão. A melhor maneira de lidar com essas emoções é manter-se sempre motivado. Isso significa: ter um objetivo e saber onde quer chegar. Muitas pessoas até têm ideia de onde querem estar, mas nada fazem para chegar lá. Quando agimos, traçamos um plano, a motivação vem e, com ela, a redução da ansiedade e do estresse.

A ansiedade paralisa, tira o foco do que precisa ser feito e faz a mente se concentrar em situações que ainda nem aconteceram. Quando se está motivado, o corpo entra em ação e a ação aumenta as chances de resultados melhores, reduzindo o medo de não entregar o que foi proposto e, consequentemente, aliviando a pressão.

RC – Recentemente, você escreveu um artigo sobre os quatro medos que mais prejudicam os profissionais. Pode falar um pouco sobre eles e como afetam a produtividade das pessoas?

BC – Esses quatro medos são as chaves para o insucesso de qualquer profissional: insegurança, medo de perder a estabilidade, medo de não dar conta do recado e medo do sacrifício.

No caso da insegurança, imagina um vendedor que não acredita em seu potencial, que não consegue vencer as barreiras de ouvir um não. Quem é que compra um produto ou serviço de alguém que não consegue nem acreditar em si próprio?

Outro medo que recebo muito em meu escritório é o medo de perder a estabilidade. As pessoas dizem: “Eu não gosto do que faço, mas preciso do salário para pagar minhas contas”. Neste caso, a pessoa anula a sua própria felicidade, sua própria realização, para não perder esta “falsa” sensação de estabilidade.

Eu digo falsa porque ninguém garante estabilidade. O fato de trabalhar de carteira assinada ou de simplesmente estar empregado não garante que a empresa vai ficar com o colaborador a vida toda. E é aí que mora o perigo que a maioria das pessoas não veem.

Quando a demissão acontece, ela abre portas para entrar mais ansiedade e, com ela, vem o desespero de arrumar algo rápido para suprir suas necessidades. Então, a pessoa embarca logo em outro emprego que também não lhe agrada, ela continua não sendo feliz e corre os mesmos riscos de ser mandada embora. Ou seja, não existe estabilidade garantida.

Parece clichê, mas sem fazer o que se gosta, não tem como estar motivado. A motivação efetiva vem de dentro para fora, precisamos trabalhar sem dor e por amor.

Outro medo perigoso, é o medo de não dar conta do recado, que tem muito a ver com a insegurança. Mas, neste caso, é uma insegurança sobre suas capacidades técnicas. Por exemplo: a pessoa pensa “não vou mudar de cargo porque não vou conseguir ou porque não tenho este ou aquele atributo exigido”.

Este medo também não é verdadeiro. Se você foi selecionado para o cargo, é porque é capaz de dar conta do recado sim! Alguém apostou em você baseando-se em suas habilidades. Agora, cabe a pessoa escolhida para este desafio correr atrás das competências exigidas, podendo, assim, ser cada vez melhor e mais especializado naquilo que se propôs a fazer.

E, por fim, tem o medo do sacrifício. Sabe a famosa “zona de conforto”? As pessoas têm medo do desconhecido, medo de se movimentarem em direção ao sucesso. É mais cômodo ganhar a mesma coisa, fazer as mesmas coisas…

Pensar em sacrifício é pensar em algo doloroso. Para superar isso, uma reflexão que proponho a todos é pensar em qual será a recompensa desse sacrifício. Quando o foco vai para recompensa, conseguimos sair de nosso estado de inércia e traçar grandes planos, executá-los e sermos felizes e realizados profissionalmente.

RC – Ainda referente a esses quatro medos, quais são os erros mais comuns que você vê as pessoas cometendo em relação à essas questões?

BC –

  • O primeiro erro mais comum é a falta de autoconhecimento das pessoas em relação a seus talentos e às suas habilidades – e, com isso, elas não sabem exatamente onde querem/podem chegar.
  • Além disso, a maioria não traça objetivos claros e definidos, metas mensuráveis. Não estou falando de metas corporativas ou de vendas (sim, elas também fazem parte), mas sim de metas e objetivos pessoais, os quais vão motivá-las a seguir em frente.
  • E outro erro é também a falta de planejamento e execução para atingir um objetivo. Vivemos em uma era de muitas incertezas e isso faz com as pessoas percam a coragem e a capacidade de sonhar.

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Quando se sabe o próprio talento, sabe quais são suas habilidades, sabe-se exatamente para onde ir. Fica fácil e até prazeroso efetuar um planejamento motivado à execução e, assim, os medos vão embora e a satisfação e realização profissional acontecem de maneira natural.

RC – Dessa lista de erros, qual você considera o mais grave? Por quê?

BC – Os dois erros mais graves são: falta de autoconhecimento, ou seja, não conhecer seu potencial, e não saber onde quer chegar.

Eu costumo dizer que quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar serve, e esse qualquer lugar é muito perigoso. A pessoa precisa saber onde quer chegar, quanto quer ganhar, quantos produtos quer vender…

E, principalmente, ela precisa acreditar que é possível – e isso só acontece se ela tem autoconhecimento e sabe explorar seu próprio potencial para chegar onde quer.

RC – Imagine que um empresário ou vendedor queira melhorar seus resultados em relação a esses erros. Por onde começar? De maneira sucinta e objetiva, quais as principais recomendações?

BC –

  • Tudo começa com o autoconhecimento. É preciso conhecer seus próprios talentos, explorar em si mesmo e na equipe aquilo que vocês têm de melhor.
  • Estabelecer um objetivo, que seja mensurável e claramente definido.
  • Por fim, traçar um planejamento de como chegar lá.
  • Tendo todos estes requisitos teremos vendedores e empresários motivados a agir.

O empresário ou vendedor também pode fazer uso de recursos externos para ajudar nestas questões de autoconhecimento e alterações de padrões mentais que levam a comportamentos que geram os medos e os erros citados acima. Pode-se fazer uso de treinamentos comportamentais, palestras motivacionais com foco em Inteligência Emocional, o próprio processo de Coaching e demais consultorias de desenvolvimento humano.

RC – Falando um pouco do seu trabalho como coach agora, que tipo de empresa ou profissional geralmente contrata seus serviços? O que buscam?

BC – As empresas contratam meus serviços buscam uma promover uma motivação consistente em seus colaboradores, elas querem uma elevação na performance através da satisfação dos profissionais. São organizações que querem manter suas equipes com foco no negócio através da Inteligência emocional, fazendo a gestão de seus próprios medos e angústias, para que o foco no cliente da empresa não se perca em meio aos comportamentos do dia a dia.

As empresas buscam também através do meu trabalho comportamental criar um alto nível de responsabilidade nos colaboradores para que eles sejam mais efetivos nas soluções dos problemas.

Outro público que me procura são pessoas buscando gerir suas emoções, buscando motivação em suas vidas, almejando a tão sonhada felicidade profissional – que se reflete na vida pessoal também. Essas pessoas querem se encontrar, descobrir sua vocação, mas não somente descobrir, mas também criar coragem para exercer aquilo que tanto sonharam e que não realizam em função de todos aqueles medos.

RC – Qual seu diferencial em relação a outros consultores? Qual sua “marca registrada”?

autoconhecimentoBC – O maior diferencial do meu trabalho é justamente a questão da emoção. Muitas consultorias trabalham com planejamentos mirabolantes que funcionam bem, mas esquecem que estamos tratando de pessoas.

Pessoas têm emoções, medos, ansiedades, estresse, raiva…  E por mais que estamos falando de empresas e questões profissionais, acima de tudo, estamos falando de pessoas.

Então, eu trago conceitos de performance, de vocação, de liderança, de equipe, tudo com foco, planejamento e ação, mas, sobretudo, com humanização.

Percebemos muito nos dias atuais grandes executivos com alta performance, mas sem o menor domínio de suas emoções. É cada vez mais comum percebermos líderes com características arrogantes ou opressoras, comportamentos que são muito prejudiciais para a saúde da empresa. Além disso, quando não temos domínio de nossas emoções no trabalho, o estresse transcende para a vida pessoal e vice-versa.

RC – Com tanta experiência na área, quais dicas ou informações você vê sendo dadas pela mídia sobre esse assunto com as quais claramente não concorda?

BC – Vejo a mídia explorando muito questões como: como conseguir um emprego, como montar o currículo perfeito, como sair-se bem em uma entrevista e, a pior delas na minha opinião, como se recolocar no mercado de trabalho.

É claro que são temas que vendem muito e, na verdade, eu até entendo o apelo que eles têm, devido à vulnerabilidade das pessoas que perderam seus empregos e estão presas ao medo de perder a falsa estabilidade. Esse tipo de conteúdo acaba sendo, sim, uma esperança em meio ao desespero pela sobrevivência.

Mas eu questiono:

  • Por que não exploram em como os profissionais podem se manter empregados e felizes por mais tempo?
  • Por que não exploram a necessidade de se fazer o que se gosta?
  • Por que não abordam o desemprego como uma oportunidade de recomeçar?
  • Por que não exploram a necessidade de motivação dos colaboradores, a necessidade de potencializar os talentos dos colaboradores, a necessidade de humanizar as empresas e de se falar mais em felicidade profissional dentro do ambiente corporativo?

Ao invés disso, a mídia explora sempre o número de desempregados, a falência das organizações e por aí vai. A tragédia vende mais que a solução.

RC – Algum último comentário que queira fazer para os leitores da VendaMais?

Caros leitores, acreditem mais no poder interior de vocês. Se você é vendedor, empresário, executivo ou qualquer tipo de profissional, tenha autoconhecimento, autoconfiança, acredite no seu potencial, afogue seus medos e vá para cima! Só não se esqueça de fazer aquilo que gosta e traçar seu objetivo. Com toda certeza, com um bom plano e com uma boa gestão da sua emoção, você chegará lá!

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