Roberto Recinella

Confira, a seguir, entrevista exclusiva

Vamos começar falando do seu livro Eu sou o obstáculo. Qual é a principal ideia ou conceito que você defende nele?

Neste livro você encontrará forças e motivos para agir agora, através de histórias e lições que me permitiram enxergar a vida sob novos ângulos, abrindo novos caminhos e perspectivas. Se apenas uma história tocar o seu coração ou lhe proporcionar um insight, com certeza estarei contribuindo com o seu desenvolvimento e aproximando-o ainda mais do seu projeto de vida.

Não encontrei melhor forma de fazer isso do que confrontá-lo com situações de pura reflexão. Como diria James Allen, ensaísta americano do início do século 20: “Para ter sucesso verdadeiro, faça quatro perguntas para si mesmo: Por quê? Por que não? Por que não eu? Por que não agora?”.

A grande mensagem é que não existem certezas e verdades absolutas na vida, mas caminhadas e processos de adaptação, alguns mais fáceis outros mais difíceis. A vida é uma jornada de aprendizado e ensinamentos, e o livro simboliza a semente plantada no vasto terreno do seu desenvolvimento pessoal. Mas não se iluda, pois a responsabilidade de fazê-las brotar e frutificar é apenas sua. E Eu sou o obstáculo mostra que você, na maioria das vezes, é o maior obstáculo do seu próprio desenvolvimento.

Como você começou sua carreira de palestrante?

Por paixão!!

Tenho o sonho de vilão de desenho animado… sabe qual é? Conquistar o mundo; e decidi fazer isso por meio de minhas palavras e meus exemplos. Por ser uma pessoa inconformada, vivo questionando as pessoas ao meu redor: “Por que não dá para fazer diferente?”.

Tudo se intensificou quando terminei o curso Leader Training em 1994 e descobri, em um posto de gasolina na beira da estrada em Lins (SP), que a minha missão era ajudar as pessoas a deixarem de ser reféns de si mesmas e assumir as rédeas do seu próprio destino para ultrapassarem a si mesmas, isto é, a serem o melhor que podem ser.

Depois dessa descoberta, foquei meu desenvolvimento nessa área, comecei a escrever artigos e criei o Projeto Sole Mio, com o qual enviava em torno de 20 cartas quinzenalmente para minha equipe e amigos, depois passou para 100 correspondências. Então migrei para a internet, e após 10 anos a newsletter do projeto ultrapassou os 15 mil assinantes semanais. Foi através disso que lancei meu primeiro livro É divertido fazer o impossível.

Paralelamente, comecei a ser reconhecido na empresa em que trabalhava e fui convidado a montar a Universidade Corporativa na área de vendas e gestão de tempo, e essa foi a experiência que eu necessitava para reforçar a minha autoconfiança. A partir desse momento, minha carreira  começou a se solidificar.

Meu ponto de ruptura foi quando empurrei minha “vaquinha do precipício” em 2005 e abandonei uma carreira sólida na indústria farmacêutica para me dedicar exclusivamente a palestras, consultorias, coaching e livros.

Com o tempo, conquistei reconhecimento como um dos 25 maiores nomes no tema motivação corporativa no Brasil, sou um dos colaboradores do livro Gigantes da motivação, além de ter publicado três livros na área do desenvolvimento humano e organizado palestras e metodologias de coach. Recentemente idealizei e lancei no mercado a PHD – Pharmácia do Desenvolvimento Humano, a primeira Farmácia Comportamental do mundo.

Que tipo de empresas geralmente contratam seus serviços; o que elas buscam?

Aquelas que querem ou precisam mudar para crescer no mercado.

Acredito que exista um dilema do treinamento, “se treinar, corre-se o risco do funcionário ir embora; se não treinar, corre-se o risco dele ficar”. Sendo assim, meus clientes são empresas que perceberam o valor do capital humano dentro de suas corporações. Já trabalhei em companhias que fabricavam ração para peixes ornamentais, passando pelo mercado imobiliário até multinacionais farmacêuticas, minha área de atuação é PESSOAS, não importa onde atuem, pois auxilio empresas de qualquer tamanho ou setor a aumentar a lucratividade através dessas pessoas, já que esse tipo de gestão tem um discurso maravilhoso, mas uma prática horrorosa! Meus clientes geralmente buscam soluções “fora do quadrado” que sejam simples e eficazes – mas não confunda simples com fácil, a simplicidade é o auge da sabedoria.

Por outro lado, que tipo de evento/treinamento não é adequado para você? Ou seja, que tipo de problemas/situações/treinamentos você geralmente prefere não aceitar ou indicar para algum colega?

Eventos que envolvem política ou empresas antiéticas, além daquelas que procuram um “bode expiatório”, isto é, querem utilizar um profissional externo apenas para validar uma gestão ou uma estratégia errática.

Qual é o seu diferencial em relação a outros palestrantes; qual é a sua marca registrada?

A provocação! Acredito que o ser humano tem um potencial interior imenso, mas a rotina e a correria do dia a dia acabam deixando poucas oportunidades para cada indivíduo repensar a sua existência e seus objetivos.

Minha função é fazer as pessoas encontrarem motivação suficiente para sacar de seus bolsos e corações suas metas, seus sonhos e suas oportunidades, faço de minhas palestras e livros um caminho para que meus interlocutores possam repensar suas atitudes, sair do quadrado e buscar a realização de seus desejos.

Acredito na chama interior que existe em cada pessoa, por isso busquei me especializar como coach, para poder apoiar ainda mais o indivíduo que deseja buscar dentro de si mesmo o seu potencial adormecido e auxiliá-lo a definir e alcançar sua verdadeira meta de vida, ou seja, sua missão pessoal.

Realizo isso através da Metodologia WillPower, a qual proporciona a energia e os conhecimentos necessários para programar as mudanças imprescindíveis na atitude das pessoas e, por sua vez, na corporação, para que elas atinjam um desempenho de excelência.

Essa metodologia utiliza técnicas de andragogia (do grego: andros – adulto e gogos – educar), ou seja, é a arte ou ciência de orientar adultos a aprender.

O método WillPower se baseia em três conceitos: didática participativa, dinâmicas e trabalhos lúdicos, fazendo que os participantes sejam expostos a um ambiente de aprendizado, no qual seus paradigmas e suas crenças possam ser questionados, pavimentando uma estrada segura para a mudança de atitudes.

Além do seu próprio site (www.rrecinella.com.br), que outros endereços interessantes na nossa área você recomenda?

www.administradores.com.br; www.bizrevolution.com.br; www.qualidadebrasil.com.br; www.grandesvendedores.com.br; www.vendamais.com.br; www.mba60segundos.com.br; http://pontodereferencia.com.br; www.gitomer.com; http://revistapegn.globo.com; www.mundodomarketing.com.br.

Quais são os seus livros ou autores preferidos sobre negócios?

Pergunta difícil, pois leio muito, e a lista seria grande, mas seguem alguns que já li e reli.

Livros: O maior vendedor do mundo, de Og Mandino; Soluções enxutas, de Daniel T. Jones; Novo jogo de negócios, de James Maxmin e Shoshana Zuboff; Feitas para durar, de James C. Collins; Como chegar ao sim, de Roger Fisher, William l. Ury e Bruce Patton; As 48 leis do poder, de Joost Elffers; Qualidade começa em mim, de Tom Chung; Estratégia do oceano azul, de Renee Mauborgne; e Freakonomics, de Steven D. Levitt.

Autores: Jeffrey Gitomer, Malcolm Gladwell, John C. Maxwell, Joseph Campbell, Stephen Covey, Edward De Bono, Daniel Goleman, Dale Carnegie e Tom Peters.

Qual foi a sua palestra mais memorável, a que mais lhe marcou? 

Diversas palestras me marcaram por motivos diferentes, mas três delas foram especiais.

A primeira foi em Minas Gerais; fechei um pacote de palestras com uma empresa do setor veterinário para serem ministradas em seus key accounts, um deles era uma cooperativa no norte do estado, que colocou todos os seus colaboradores, cooperados e famílias no evento, totalizando um dos maiores públicos para o qual já me apresentei.

A segunda foi um evento fechado, pequeno, apenas para a gerência de uma empresa de TV a cabo. Havia umas 20 pessoas e fiz a palestra “É divertido fazer o impossível”. No meio do evento, a gerente financeira começou a chorar e algumas outras pessoas começaram a se emocionar, então, parei de falar e abracei-a. Todos começaram a aplaudir.

A terceira foi quando, pela primeira vez, a minha família esteve presente no auditório avaliando o meu trabalho ao vivo, foi muito recompensador.

Qual foi a situação mais desastrosa ou engraçada que já ocorreu em uma de suas palestras/eventos?

Além dos tombos, já vivi algumas situações singulares.

Algumas vezes participo de eventos com outros palestrantes, como seminários, semanas acadêmicas, congressos, etc. Uma vez, fiquei embaraçado quando o palestrante que se apresentou antes de mim se atrasou, estourou o tempo e fez uma péssima apresentação. Com isso, as pessoas começaram a se levantar e ir embora e, quando entrei, metade do auditório já tinha saído.

Outra vez foi quando acabou a energia elétrica do clube com o auditório cheio, umas 300 pessoas, o gerador foi ligado, mas era instável e, por isso, não conseguíamos ligar o projetor. Atrasamos meia hora, e acabei fazendo a palestra no “gogó”. Assim que terminei a luz retornou.

A mais desastrosa foi quando, por falar muito com as mãos devido ao meu entusiasmo, a minha energia e por ser de origem italiana, acabei acertando o microfone sem fio em uma pessoa, nada de grave ocorreu, me desculpei presenteando-o com um livro e ainda brinquei dizendo que iria sortear outros livros, jogando o microfone na plateia.

Qual é o maior erro que você nota nas convenções/treinamentos de empresas?

Falta de foco, comunicação e a estratégia “à espera de um milagre”.

Para qualquer colaborador, a convenção da empresa é o evento máximo. Os funcionários a aguardam sempre com muita expectativa, pois o objetivo é motivar, comunicar novos conhecimentos e treinar a equipe, acontece que a maioria delas é chata, previsível e sem foco.

O primeiro erro é levar as pessoas para um lugar paradisíaco, com um tema inédito e mantê-las presas o dia inteiro em um auditório.

Outro problema é a comunicação; na maioria das vezes a estratégia é boa, mas é mal apresentada e não empolga os colaboradores, além disso, as apresentações são verdadeiros embates de egos entre os departamentos de marketing, vendas, financeiro, TI e etc.

Cansei de ver e ouvir em convenções de grandes empresas apresentações da área de marketing e TI em que o material da campanha ou software ainda não estava pronto.

Mas o grande problema é a estratégia “à espera de um milagre”, chamo-a assim pois, em muitas empresas, não há diferenciação entre eventos de puro entretenimento – palestras ou shows que emocionam por algumas horas – e o trabalho de profissionais sérios que realmente fazem a diferença para o dia a dia dos colaboradores.

Por que você acha que tantas reuniões e treinamentos são chatos ou improdutivos? O que poderia ser feito para melhorar isso?

Porque ninguém se preocupa em perguntar para a equipe o que ela realmente necessita para melhorar a sua produtividade, geralmente a empresa realiza treinamentos engessados e os coloca “goela abaixo” da equipe.

O conhecimento tácito da equipe é relevado e todos passam a ser tratados como simples alunos, com isso não há comprometimento, e sem ele não existe aprendizado.

Além disso, a maioria das reuniões e dos treinamentos foca somente nas fraquezas das pessoas e com isso consegue apenas elevá-las até a média. Ninguém se preocupa em focar nos pontos fortes, no que as pessoas gostam e sabem fazer, em seus talentos, para levá-los até a excelência. 

Como disse Sun Tzu: “Todos gostamos de belas palavras, porém poucos de nós as transformam em atos”. As reuniões e os treinamentos devem ser práticos, simples e aplicáveis de tal modo que as pessoas possam utilizá-lo imediatamente quando retornarem ao trabalho, enfim, as pessoas tem de sair desses encontros melhores do que entraram e não o contrário, como vem acontecendo. 

Que grande conselho ou dica você daria para alguém que quer melhorar seus resultados no trabalho e/ou na vida?

Atitude PQL. Todos têm atitude, a pergunta é: qual é o tipo de atitude que você tem? As pessoas ao seu redor têm de ver o seu trabalho e comportamento e pensar, isso é PQL, ou seja, p*** que legal. O comportamento é decorrência da atitude, sendo assim, você não pode deixar de buscar a excelência sempre. Se fizer isso, as pessoas ao seu redor irão acompanhá-lo.

Um modo de aprimorar a sua atitude PQL é aprender a chutar a própria bunda (se não me engano ouvi isso a primeira vez de Jeffrey Gitomer).

Não conheço ninguém que goste de ser criticado ou repreendido, por outro lado, todos gostam de criticar o outro. Imagine se você pudesse inventar um “botão mental” com o qual passaria a ser benevolente com o comportamento dos outros, como é com o seu, e a ser crítico com o seu comportamento como faz com os outros, ou seja, aprenda chutar a sua própria bunda antes que outra pessoa faça por você.

Então, busque sempre a excelência.

Gostaria de deixar algum recado para os nossos leitores?

Não siga exemplos, siga seu coração e seja um exemplo. Saia do quadrado, não tenha medo de errar, arrisque, esteja sempre disposto a aprender.

Se algum dia alguém lhe perguntar alguma coisa que você não saiba responder, não se preocupe, você não é obrigado a saber tudo, mas agradeça a essa pessoa por demonstrar a sua ignorância e pesquise sobre o assunto para poder responder a pergunta quando for questionado novamente. Desse modo, a cada dia, você realmente aprende algo novo e combate sua própria ignorância.

No final do dia, sempre se questione o que aprendeu e o que ensinou naquele período, pois se não houve ensinamento ou aprendizado você não evoluiu.

Informação de contato:

Site: www.rrecinella.com.br
Facebook: rrecinella
Linkedin: rrecinella
Twitter: @rrecinella
Youtube: rrecinella
E-mail: [email protected]


Roberto Recinella possui MBA pela FGV e Ohio University em gestão de pessoas em ambiente de mudanças. É idealizador da PHD – Pharmácia do Desenvolvimento Humano, a primeira Farmácia Comportamental do mundo. Formado em coaching pela Academia Brasileira de Coaching, licenciada pelo BCI – Behavioral Coaching Institute. Autor dos livros: É divertido fazer o impossível, Superando limites e Eu sou o obstáculo.

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