Por Lincoln Ando
Recentemente, a One World Identity (OWI) promoveu a Know Identity Conference. Trata-se de um dos maiores eventos globais de identidade digital, que reĂșne as organizaçÔes mais influentes do mundo e as mentes mais brilhantes do setor para moldar o futuro do segmento. Entre os presentes na conferĂȘncia, estavam regtechs, birĂŽs de crĂ©dito e empresas de tecnologia do mundo todo. A conferĂȘncia aconteceu em Washington (EUA).
A programação foi bastante interessante e dentre os temas abordados, oito deles chamaram muito nossa atenção. Confira:Â
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Biometria
Em muitos paĂses, o diferencial de produtos de credenciamento Ă© a validação biomĂ©trica. Durante o evento, diferentes empresas que usam o acelerĂŽmetro do celular para detectar o padrĂŁo de movimento de um usuĂĄrio, uso de digitais, verificaçÔes de Ăris ocular e reconhecimento facial e de voz apresentaram diversas formas avançadas de autenticar usuĂĄrios.
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Novas regulamentaçÔes
Diretivas como o General Data Protection Regulation (GDPR) e o Payment Services Directive 2 (PSD2), novas propostas de diretrizes europeias para proteção de dados pessoais e serviços de pagamento, respectivamente, dominaram boa parte das discussÔes. As novas leis devem ser implementadas nos Estados Unidos e na União Europeia muito em breve. De certa forma, isso demonstra o quanto a tecnologia estå à frente da legislação, mas também como esta tem avançado.
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Data breach
Com os diversos vazamentos de dados em companhias americanas, em 2017, foi impossĂvel deixar de mencionar esse assunto, jĂĄ que parte da audiĂȘncia foi afetada por isso. A discussĂŁo sobre os dados e como armazenĂĄ-los foi muito recorrente. Isso tambĂ©m mostrou que existe um grande movimento em direção Ă retenção de dados de maneira descentralizada.
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Privacidade
Tais vazamentos de dados tambĂ©m levaram a uma conversa sobre privacidade. A conclusĂŁo principal Ă© que os usuĂĄrios sempre deveriam saber exatamente quais dados serĂŁo liberados para validação em cada checagem. E, em um cenĂĄrio ideal, documentos digitais ou aplicativos poderiam exibir apenas se o usuĂĄrio estĂĄ apto ou nĂŁo para aquele contexto. AlĂ©m disso, ficou claro que privacidade nĂŁo Ă© ter muitas regras e burocracia, mas, sim, transparĂȘncia.
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População desbancarizada
Imigrantes, pessoas isoladas geograficamente, refugiados e habitantes de paĂses com governos instĂĄveis acabam enfrentando problemas quanto Ă sua identificação. Muitas dessas pessoas nĂŁo participam de programas do governo, nĂŁo conseguem empregos formais e tambĂ©m nĂŁo sĂŁo incluĂdos financeiramente devido Ă falta de algo que comprove a identidade deles, alĂ©m de informaçÔes para liberação de crĂ©dito, por exemplo. BirĂŽs de crĂ©dito para estrangeiros, psicografia, identidades baseada em reconhecimento facial, aplicaçÔes de blockchain foram algumas das alternativas apresentadas para esses casos. Vale pontuar que essas situaçÔes nĂŁo foram tratadas apenas como um problema social, mas como uma grande oportunidade para o mercado financeiro atender esse tipo de demanda.
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NĂșmero de celular em substituição do RG/CPF
Com diversas tecnologias de autenticação via app, o nĂșmero de celular tem ganhado muita importĂąncia no credenciamento e no acesso a serviços. Em alguns paĂses asiĂĄticos, o nĂșmero de celular serve para fazer pagamentos e, ainda, liberar acesso a outros serviços, sem o uso de documentação do governo. As discussĂ”es apontaram para o fato de que o nĂșmero do celular pode, sim, ser uma fonte de validação importante. Mas nĂŁo serĂĄ a identidade definitiva por si sĂł, uma vez que muitas pessoas nĂŁo tĂȘm acesso a smartphones. AlĂ©m disso, a troca frequente do nĂșmero e de operadoras tambĂ©m seria um impeditivo.
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Identificação global
Em função das grandes e recentes correntes migratĂłrias, muito se falou da necessidade e da possibilidade de uma identidade global. O mais prĂłximo disso, hoje, sĂŁo passaportes, que seguem, em alguma escala, um padrĂŁo internacional. Os mais novos, inclusive, usam chips de identificação â e isso foi uma inovação trazida e estabelecida por uma empresa privada.
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Identidades digitais
Alguns formadores de opiniĂŁo afirmam que os bancos poderiam ser os agentes capazes de criar algo como uma identidade digital, jĂĄ que eles jĂĄ tĂȘm os dados, o capital e a credibilidade. PorĂ©m, empresas de outros setores mais ligados Ă tecnologia, por exemplo, estĂŁo tentando atender esta demanda de alguma forma, com aplicativos que centralizam dados biomĂ©tricos, informaçÔes cadastrais e documentos. A ideia, portanto, seria compor, com tudo isso, uma credencial robusta, segura e digital.
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Lincoln Ando é formado em Anålise e Desenvolvimento de Sistemas pela Unicamp Limeira e possui especialização em Segurança Ofensiva, pela Infosec, em Washington (EUA). Em 2016, fundou a IDwall, regtech com a proposta de tornar os processos de cadastro, verificação e validação de dados mais ågeis, transparentes e seguros por meio de tecnologias de reconhecimento facial, cruzamento de dados e background check.